domingo, 27 de setembro de 2009

Produtos relativamente baratos em Angola.

Faltaram os combustiveis.
 
A gasolina e o gasóleo, mesmo no mercado paralelo, se se tiver pressa são baratos.
 

Fotos diversas de Angola

Não me canso de ver as flores, as bananeiras, as bichezas, as pessoas, o lixo e tudo o que dá a Angola um ar de verdadeiro barroco tropical.

A volta do Sousa


O Sousita está de retorno à terrinha.

Chega segunda-feira.

Nota para as raposas do galinheiro:

A AK47 pode, ou não, ter ficado em Luanda.

Pelo sim pelo não tomava cuidado.....

sábado, 26 de setembro de 2009

Tadinha da Kalashnikov do Sousa.

Velhinha e enferrujada sabe Deus os serviços que já prestou.
 
Precisa duma limpeza mas agora vindo o Sousa de Portugal vai trazer os produtos necessários à sua limpeza.
 
Dentro de pouco tempo vão vê-la e nem a reconhecem...
 
 
Developed: 1974
Caliber: 5.45mm
Cartridge: 5.45x39
Magazine capacity: 30
Loaded weight: 3,600g
Killing range: 1,350m

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Objectos de primeira necessidade

Está velhinha e cheia de ferrugem mas faz muita companhia. O fabricante faliu!
 
 

sábado, 19 de setembro de 2009

Porco no churrasco.

E descobrimos a casa duns passaritos. Não se incomodaram nada com a nossa presença.
 
 

Angola e José Afonso.

Lembrei-me do poema:

Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar,
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio,
Congregando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança,
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincando e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa


Tão surreal como Angola....

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Perderam a criança no belas!

Tinha dois anos ou menos!

Era um doce e era eu o único à procura da mãe.

Que é dela?

Teias que o império tece.

O segurança levou-a.

Eu, prudentemente, jantei no O Kilo

Comeu-se bem!

Se calhar a consciência não ficou assim tão bem mas…

Who cares ?

Feiticeira!

Era na baixa de Luanda e o Sousita jantava no Veneza.

Imaginem vossas excelências que já não se pode fumar lá.

Fumei e fui chamado à atenção.

Parei!

Uma menina, filha família, não queria comer a sopa!

Viu o pula e veio para o meu colo e deu beijinhos e tudo.

Era um doce!

Se calhar ainda volto com uma doce criança….

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A casa não tinha relva.
Tinha lagartos, pássaros que nem quero pensar quais, ratos e os inevitáveis insectos.
Vieram hoje, finalmente, colocar a relva.
Os lagartos parece que não gostaram de nós e não voltaram a aparecer.
Sinto falta deles.
Lamento aquele que , se calhar, fiz tetraplégico. Também era eu neófito em África e não sabia que tamanho não é documento.
Também ele não tinha nada que me invadir a casa sem autorização.
Teias que o império tece!
Agora começa a ter relva pela mão do jardineiro.
Prudentemente semeei uns jidungos, particularmente venenosos, em zona que ele não toca.
Nascerão?
Espero que sim.
A Emília, a nossa empregada, diz que sim.
E, quando a doméstica fala, normalmente é verdade!

O Sousa e as aranhas

Fobias:

O Sousa odiava, ou melhor : O-D-I-A-V-A, tinha-medo-e-borrava-se-todo-na presença duma aranha.
Agora acha os bichos simpáticos e não mata nenhuma!
Elas tem uma coisa muito cá de casa comigo :
Eu não chupo mosquitos, são eles que me chupam, mas as minhas amiguitas aranhas vingam-se:
Chupam os gajos!
Abençoadas.

À maneira de Pessoa.

À dolorosa falta de luz das grandes lâmpadas eléctricas da cidade
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos outros.
Ó lixo,ó carros abandonados!
Forte espasmo retido do lixo das ruas!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com o que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó lixo omnipresente,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó dejectos!
Em febre e olhando o lixo como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro do Hummer abandonado e das luzes eléctricas apagadas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estes esgotos abertos a céu aberto e por estes imbondeiros e por estes candogueiros,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um vendedor de rua se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes e óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!

Voando sobre um ninho.

É normal passar um rio a vau, num todo-o-terreno, e contar na europa que se buzina para afastar os crocodilos, quando na verdade se tenta afastar pessoas?

Mentira !

Não se buzina para afastar crocodilos….

Os gajos são surdos….

Passa-se por cima.

Dos crocodilos ?

Não há crocodilos aqui.

Bichezas

Mosquitos, libelinhas, lagartos, moscas, gatos, cães, pássaros, crocodilos, hipopótamos, baratas e outras bichezas não compreendidas nem classificadas em qualquer taxinominia e para as quais nenhuma árvore da vida foi feita, para as quais nenhuma assertividade foi criada, conjuram-se para fazer a vida negra ao pula em terras de África.

Custa-me é, por mera repugnância, ou medo idiota matar bichezas que nunca me fizeram mal nenhum.

Matei hoje uma libelinha, por cobardia magoei gravemente um lagarto, e atropelei bichezas várias.

Dos mosquitos, dos quais mais dia, menos dia hei-de apanhar malária, não me fica qualquer remorso.

Das moscas também não. O produto que deitei nos cortinados é eficiente. Morrem antes de me chatearem e de me pegarem a doença do sono.

E as aranhas, senhor?

São pequenitas e parecem-me simpáticas porque comem mosquitos.

Ainda não somos íntimos mas já me parecem simpáticas.

Temos algo em comum: os mosquitos.

Reflexão, já um pouco etílica – diga-se em abono da verdade – depois de uma ida à roulotte (é assim que se escreve?) cerca das duas horas da manhã.

Perto de minha casa há uma roulotte aberta toda a noite. Tão aberta toda a noite como a loja de conveniência igualmente aberta toda a noite. Meia volta volta e meia fecham uma e outra. Felizmente raramente as duas ao mesmo tempo.

O proprietário da roulotte está sempre perto do coma alcoólico e é muito simpático com o único pula que vai beber um copo a estas horas. Compro duas cervejas e ele oferece-me um whisky duplo. Coisa que a preços locais orça os dez euros.

Reclama porque lá vou pouco.

Estamos, como não poderia deixar de ser, em cima de lixo e o trânsito é caótico. Um SUV da Lexus quase destrui uma Hiace dum candongueiro (táxis semi-legais que transportam até 15 passageiros numa Hiace) na fila da gasolina.

Como se diz aqui: não tem maka, o man não chegou a entrar no prejuízo.

Chegou a polícia depois e levou um tipo. Fiz-me de morto e nem olharam para mim. É que nestas coisas entre polícias e ladrões venha o diabo e escolha.

Socializei um bocado e vim embora.

O local é simpático e a companhia óptima. Para Angola, é claro, que o ultimo amigo que lá levei, e era muito mais cedo, saiu borradito de medo.

Também ele é duma cidade pacífica. Nasceu e viveu em S.Paulo.

Um sinal, por acaso grave, de insanidade é achar este tipo de coisas normais. Diz ele e eu comungo.

Por favor:

Quando eu achar tudo isto normal metam-me num avião.

Hoje matei uma libelinha

Estou um bocado arrependido, mas a bicheza não me saia de casa.

Há desculpa para matar uma libelinha ?

Espero que sim.

Ahhh! a bicheza era enooooorme !

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O que mudou em 30 anos???

Recebida por email


Situação: O fim das férias

- Ano 1978 - Depois de passar 15 dias com a família numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias.

No dia seguinte vai-se trabalhar.
- Ano 2008 - Depois de se voltar de Cancún, de uma viagem com tudo pago, terminam as férias.

As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.

Situação: Dia de mudança de horário de Verão para Inverno

- Ano 1978 - Não se passa nada.
- Ano 2008 - As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.

Situação: O Pedro está a pensar ir até ao campo caçar pássaros, depois das aulas.

Assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

- Ano 1978 - O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
- Ano 2008 - A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório.

A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.

Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.

- Ano 1978 - Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar "matrecos".
- Ano 2008 - A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar.

O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

- Ano 1978 - Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma reprimenda de todo o tamanho.

O Jaime volta à sala de aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais ninguém.
- Ano 2008 - Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie.

A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação: O Luis parte o vidro dum carro lá do bairro. O pai pega num cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.

- Ano 1978 - O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
- Ano 2008 - Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores.

Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua.

Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre.

A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo.

O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo e arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.

- Ano 1978 - Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
- Ano 2008 - Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão.

O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia.

Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos.

Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda.

O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham.

A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro.
- Ano 1978 - Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. No dia seguinte são de novo colegas amigos.
- Ano 2008 - A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto.

O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Fazias uma asneira na sala de aula.

- Ano 1978 - O professor espetava-te duas valentes "lostras" bem merecidas.

Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque "alguma deves ter feito".
- Ano 2008 - O professor pede-te desculpa.

O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

Eleições e o gato fedorento.

Será que a decisão dos portugueses vai ser determinada pelas entrevistas dos gatos ?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Furtado aqui


«Felizes esses monges que, pelo final da Idade Média, corriam de cidade em cidade a anunciar o fim do mundo! As suas profecias demoravam anos a realizar-se? Que importa isso! Eles podiam desenfrear-se, dar livre curso aos seus pavores, descarregá-los sobre as multidões; – terapêutica ilusória numa época como a nossa, em que o pânico, tendo-se introduzido nos costumes, perdeu as suas virtudes.
(…)
Para manipular os homens, é preciso praticar os seus vícios e acrescentar-lhes outros. Veja-se o exemplo dos papas: enquanto eles fornicavam, se entregavam ao incesto e assassinavam, dominavam o século; e a Igreja era toda-poderosa. Desde que respeitam os preceitos, mais não fizeram do que decair: a abstinência, tal como a moderação, ter-lhes-á sido fatal; tornados respeitáveis, já ninguém os receia. Crepúsculo edificante de uma instituição.»

[E. M. Cioran, Silogismos da Amargura; trad. Manuel de Freitas, Letra Livre, Lisboa 2009]

Selecção de Jorge Fallorca

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Poema de ALDA LARA e uma foto.




PRESENÇA AFRICANA

E apesar de tudo,
Ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!

Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...

A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
Nascendo dos braços das palmeiras...

A do sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
Salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11!... Rua 11!...)
pelos meninos

de barriga inchada e olhos fundos...

Sem dores nem alegrias,
de tronco nu
e corpo musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
Longa história inconsequente...

Minha terra...
Minha, eternamente...

Terra das acácias, dos dongos,
dos cólios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.

Ainda sou a que num canto novo
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu povo!


Benguela,1953(Poemas,1966)


ALDA LARA (Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque. Benguela, Angola, 9.6.1930 - Cambambe, Angola, 30.1.1962).
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PRESENÇA AFRICANA

E apesar de tudo,
Ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!

Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...

A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
Nascendo dos braços das palmeiras...

A do sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
Salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11!... Rua 11!...)
pelos meninos

de barriga inchada e olhos fundos...

Sem dores nem alegrias,
de tronco nu
e corpo musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
Longa história inconsequente...

Minha terra...
Minha, eternamente...

Terra das acácias, dos dongos,
dos cólios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.

Ainda sou a que num canto novo
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu povo!


Benguela,1953(Poemas,1966)

ALDA LARA (Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque. Benguela, Angola, 9.6.1930 - Cambambe, Angola, 30.1.1962)
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Abastecimento de emergência


E era mesmo gasolina.

Na candonga e mesmo assim mais barata que em Portugal. Um euro por litro.