Não há, nunca houve Europa, no sentido que esta palavra tem em diplomacia. Há hoje apenas um grande pinhal de Azambuja, onde rondam meliantes cobertos de ferro, que se odeiam uns aos outros, tremem uns dos outros, e, por um acordo tácito, permitem que cada um por seu turno se adiante – e assalte algum pobre diabo que vegeta ou trabalha ao canto de seu cerrado. Nas largas e bem traçadas estradas do direito internacional, alumiadas por Ortolan e outros lumes, rouba-se de carabina alta e rompem a cada momento brados de povos assassinados. A Europa, como os campos de corridas - em Inglaterra, devia estar coberta destes avisos em letras gordas: Beware of pick-pockets! (Cautela com os salteadores!).
Cartas de Inglaterra de Eça de Queirós
Sem comentários:
Enviar um comentário