Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Se o Sousita quisesse simplificar as coisas com a certeza inabalável que para todos os problemas complexos há uma solução simples e elegante – infelizmente e regra geral errada – diria que há dois mundos, ou paradigmas, que se degladiam.

O paradigma Árabe-Islâmico e o paradigma Judaico-Cristão.

Claro que isto era simplificar muitíssimo. Nem todos os Árabes são Islâmicos, nem todos os tais Islâmicos são Árabes. Nem todos são fundamentalistas e entre si diferem tanto como um japonês dum algarvio e estes dum Canadiano, de origem irlandesa, casado com uma judia , cuja avó (materna dele) era sueca.

Um persa, recentemente iraniano, é tão Árabe como um irlandês de Belfast é tão escocês como a Rainha de Inglaterra e esta tão aparentada com um pastum do Afeganistão, como um berbere de Marrocos é tão árabe como um indiano muçulmano.

Há no entanto, parece ao Sousa, traços comuns.

O Sousita , e ele em si é um paradigma de normalidade, identifica-se com certos e determinados valores, embora vagos, que lhe parecem universalmente correctos e até superiores.

Salvo melhor opinião, e mesmo contra essa, acredito firmemente na eleição dos órgãos de poder, na igualdade entre homens e mulheres, na protecção das minorias, na divisão de poderes, na distinção clara entre religião e estado, na liberdade de expressão, nos direitos e garantias individuais, na liberdade religiosa e no progresso cientifico –seja lá isso o que for.

Arrepia-me o trabalho infantil, a amputação de mãos e cabeças – mesmo a criminosos e até ao Dr. Alberto João Jardim - , o uso, obrigatório, de burcas, a excisão feminina, a lapidação das adulteras – excepto a da minha mulher se o fosse – , a censura, a discriminação sexual, a prisão por delitos de opinião, a repressão religiosa, a discriminação de homossexuais, lésbicas e as multas de excesso de velocidade.

Claro que se pode opor a isto que o Pinochet, muito longe de ser um activista Árabe-Islâmico não corresponde ao meu paradigma e que o Qatar com a Al-Jazira está mais próximo de alguns ideais meus que o tio chileno ou até o tio Fidel.

No entanto observada de perto em todas as suas vertentes as duas sociedades há algo – muito forte – que as divide. E todos sabemos e sentimos o que é.

O que me assusta é pensar –e o que é mais – crer firmemente que a minha é muito superior à outra. Eu tenho essa certeza absoluta, e os meus três leitores também.

Mas o tio Adolfo, o Savonarola, o Stalin, a inquisição, o Pol Pot, e tantos outros tinham a mesmíssima certeza.

Apre….!

Será que não estamos a fazer o mesmo?

E, alem do mais, este tipo de raciocínio só é possível e pensável dentro do paradigma desta sociedade. Que nós todos adoramos.

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