Os criacionistas da terra jovem como o Mats e outros são na realidade uns grandes pândegos. Pândegos mas perigosos. Muitas vezes por detrás duma muito boa e pia intenção está uma grande F.D.P.
Passo a explicar: Abespinha-se o Mats com a evolução do Darwin. Afirma que não foi assim, que há uma explicação muito mais lógica e que a evolução é apenas uma crença de ateus militantes. Ora como todos sabemos os ateus odeiam o bom Jesus e os Evangelhos, logo inspirados pelo malvado Darwin desatam a inventar uma teoria da evolução contrária ao Génesis e, o que é pior, ensinam-na às pobres criancinhas indefesas nas escolas.
Acrescenta que se fossem eles que mandassem a coisa piava mais fino e não se ensinavam mais mentiras nas escolas. Aprendia-se a verdade e não mais que a verdade que é, sem tirar nem por, a narrativa do Génesis. Numa versão mais soft acrescentam que até se pode ensinar a evolução mas que tem de se falar nas teorias concorrentes.
À primeira vista isto parece uma defesa da liberdade de expressão e da liberdade religiosa, mas só à primeira vista.
Quando eu andava no liceu aprendi na então disciplina de ciências da natureza a evolução. A professora falou-nos das hipóteses alternativas como deveria fazer.
Falou do Lamarq, da hipótese das criações sucessivas, explicou porque se colocou em causa a idade de 6000 anos da terra, a história dos fósseis e isso tudo.
Não falou duma teoria alternativa científica da evolução pela mesma razão que não falou a professora de física duma alternativa à segunda lei da termodinâmica. Pelo facto de não haver. E se algumas das senhoras tivesse descoberto tais alternativas estariam a receber o prémio Nobel e não a aturar o Sousa e os adolescentes colegas do mesmo.
Nunca numa aula de história ouvi falar dum dilúvio global e contemporâneo da construção da grande pirâmide, da torre de Babel como origem das línguas e da impossibilidade de haver restos humanos ou fosseis com mais de seis mil anos.
Não tenho ideia nenhuma de me terem falado de humanos a fugirem de T-rex, salvo anos mais tarde no parque jurássico.
Para que as teses criacionistas tivessem alguma credibilidade seria necessário que me explicassem, como se eu fosse muito loura, como seria o ensino dum ponto de vista do criacionismo da terra jovem.
Como eram as aulas de história?
Vá lá façam uma cronologia da história que se adapte ao dilúvio e à criação há seis mil anos.
Ahhh! Não era má ideia tentarem publicar isso como trabalho científico...
A origem das línguas também ia ser algo de muito divertido:
- meninos : a terra foi criada há seis mil anos. Mil e quinhentos anos depois ainda toda a gente falava a mesma língua. Aí veio o dilúvio e matou toda a gente. Depois os descendentes dos oito felizardos que se safaram continuavam a falar a mesma língua até que em Babel as línguas foram confundidas. Todas as línguas têm origem em Babel. Qualquer documento anterior a esta data é obra do diabo. E por aí fora.
O que é que os criacionistas querem mesmo ?
Que não se ensine a evolução. Só isso. Não querem apresentar nenhuma alternativa. Não pretendem passar a versão deles duma forma consistente. Só pretendem mesmo que não se aprenda.
E isto, salvo erro, tem nome : F.D.P.
Sem comentários:
Enviar um comentário