terça-feira, 17 de outubro de 2017
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Puigdemont....
sábado, 7 de outubro de 2017
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
domingo, 1 de outubro de 2017
Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-lá-hô la foule!
Tudo o que passa, tudo o que pára às montras!
Comerciantes; vários; escrocs exageradamente bem-vestidos;
Membros evidentes de clubes aristocráticos;
Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizes
E paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete
De algibeira a algibeira!
Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa!
Presença demasiadamente acentuada das cocotes
Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?)
Das burguesinhas, mãe e filha geralmente,
Que andam na rua com um fim qualquer;
A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos;
E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra
E afinal tem alma lá dentro!
(Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!)
sábado, 30 de setembro de 2017
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Fernando Pessoa
"Temos ouvido muitas historias tristes a respeito de creanças, mas nenhuma [tão] dolorosa [como a] que aconteceu ao grande philantropo inglez Neverwas, amigo dedicado dos pequeninos.
Passeava elle uma vez à noitinha n'uma estrada quando viu, ao pé d'uma arvore uma creança agachada, parecendo escondida ou querer esconder-se. Avançou para ella.
- Quem és tu? Perguntou. Como te chamas, pequenino?
- José, respondeu a creança que parecia atrapalhada.
- Tens pae, Josésinho?
- Não senhor.
- E mãe?
- Também não.
- Então com quem vives?
- Com uma tia minha.
O philantropo adivinhou a história; uma tia má.
- E a tua tia trata-te bem.
- Às vezes.
- Bate-te?
- Às vezes.
- Ah, fugiste-lhe?
- Não senhor.
- Então o que fazes, aqui?
- Estou cagando."
Texto de Fernando Pessoa. Descoberto graças ao livro do Ricardo Araújo Pereira
Título – A Doença, o Sofrimento e a Morte entram num bar – Uma espécie de manual de escrita humorística
Autor – Ricardo Araújo Pereira
Editora – Tinta da China
Data de edição – 2016
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente.
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas coisas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...