Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ora isto já visto cá de dentro.

O momento que o país atravessa é grave. Os mercados (seja lá isso o que for) ameaçam não emprestar guita aos bancos portugueses. Se isso acontecesse era o caos. Os bancos não podiam honrar os seus compromissos ( eufemismo para dizer que se iam pirar - os administradores - com a guita restante e não pagavam a ninguém) e isto era o fim do mundo.

O governo corta aqui, tenta cortar acolá. medita e diz :

- Isto só mesmo se se cortar nos ordenados da função pública!

A oposição concorda mas deve dizer algo que contrarie frontalmente e duma forma directa e patriótica que , por ser oposição, não pode de forma nenhuma concordar com as medidas preconizadas pelo governo.

Medita no que cortar e não cortar e, discordando frontalmente do governo, decide que :

- Isto só mesmo se se cortar nos ordenados da função pública!

Para um observador menos atento as posições podem ser parecidas. No entanto há divergências, e profundas, entre uma e outra posição:

Passos Coelho de perfil e Sócrates de lado.

Ambos tem o profundo sentimento de estado e de estarem a resolver os verdadeiros e , mais do que isso, profundos e estruturais problemas da lusa nação.

Cavaco salienta as suas profundas admoestações ao déficit. Testemunha Maria Cavaco Silva que o sue Ani muitas vezes o enxotou :

- Xô - xô ! Vai-te embora ó deficit

Repetia Cavaco enquanto primeiro ministro e mesmo como professor universitário.

Acrescentou Maria Cavaco Silva que , raras vezes e em dias de muita raiva, o actual presidente da republica disse mesmo palavrões e insultou a mãe e a prima do déficit.

A alternativa aos senhor presidente é o Manuel Alegre que diz que o que o país precisa é dum poeta.

O PCP, a CGTP e a UGT andam entretidos com a greve geral.

Vai criar, como toda a gente sabe, emprego e melhores condições para os trabalhadores.

O B.E. anda a engolir o candidato comum - e volumoso - com o partido do poder.

Paulo Portas evita falar dos submarinos.


ora isto já visto cá de dentro.

“É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro”.

Escreveu Vieira há que tempos.

Substitua-se guerra por mercados e a questão é a mesma.

De facto a guerra - e os mercados - só se saciam com as reformas, os subsídios aos pobres e o ordenado dos mais fracos.

Depois, na sua sede de sangue, sobem a escala social.

Deus me livre - a mim pessoalmente - da guerra e dos mercados.