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quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Agora do Brasil

O novo primeiro-ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes, 48, não é conhecido em seu país só pelos polêmicos 25 anos na política. Ele tem na bagagem um currículo eclético: bom amante da noite lisboeta --sempre cercado por mulheres, geralmente loiras arrumadíssimas, chamadas de "santanetes"--, já foi presidente de time de futebol, comentarista esportivo e participante de concurso em shows da TV.

Revistas de fofocas, as "cor-de-rosa", engrossam suas páginas com especulações sobre suas namoradas. Foco dos programas humorísticos, ameaçou sair da política após ser chamado de "Santana Copos" na TV.

Santana Lopes tornou-se primeiro-ministro no último dia 17, com a ida do então premiê Durão Barroso para a presidência da Comissão Européia. Primeiro vice-presidente do PSD, de Durão Barroso, com quem já andou às turras, assumiu a presidência do partido centro-direitista e tornou-se o atual premiê português.

Santana Lopes é um político hábil. Propaga-se herdeiro de Sá Carneiro, premiê português morto em acidente de avião em 1980. Já foi presidente das câmaras municipais de Figueira da Foz e de Lisboa. O cargo equivale ao de prefeito. Os adversários o atacam por dívidas deixadas nas prefeituras das duas cidades, cujas cifras passariam dos milhões de euros.

De sua passagem pela Secretaria da Cultura, nos anos 90, no governo de Cavaco e Silva, ficou registrada a declaração de que apreciava os violinos de Chopin (o polonês Frederic Chopin, um dos maiores pianistas da história). Persegue ainda o premiê um agradecimento feito por sua equipe na presidência da Câmara de Lisboa ao "sr. Machado de Assis".

Pai de cinco filhos, a fama de namorador vem da presença em boates badaladas de Lisboa, como a Kapital. Em 1997, em entrevista ao semanário ""Expresso", disse que, se um dia fosse eleito premiê, a primeira coisa que faria seria ir à Kapital. Segundo a revista portuguesa "Grande Reportagem", nos anos 90, o premiê apaixonou-se por uma jovem, cujo pai ameaçou dar-lhe um tiro. Participou de um programa de TV chamado "A Cadeira do Poder", no qual fez vezes de primeiro-ministro, o que lhe rendeu um prêmio em dinheiro.

O premiê cursou a Faculdade de Direito de Lisboa e chegou a arriscar uma atuação como empresário no setor de comunicações.

Em 1995, ocupou a presidência do clube de futebol Sporting. Aproveitou a investida e tornou-se comentarista esportivo na TV e num jornal especializado. Outra trapalhada foi quando chamou a imprensa para contar sobre uma ameaça. Tratava-se, na verdade, de um convite para o lançamento do livro "Cuidado com Rapazes".

Popularizou Figueira da Foz ao plantar palmeiras na orla do balneário e ao levar para o local campeonatos esportivos. Criou o slogan: "A Figueira está na moda". Contratou o publicitário brasileiro Einhart Paz, que trabalhou na campanha presidencial de Ciro Gomes em 2002.

Ao assumir o governo, Santana Lopes tomou algumas medidas polêmicas, como a descentralização da administração. A idéia era enviar ministérios para outras cidades, mas, dada a repercussão negativa, teve de recuar e contentar-se com o envio de secretarias.

Santana Lopes parece estar menos presente na noite de Lisboa após ter assumido o poder. Os adversários o chamam de populista. Os aliados, de grande articulador político. Mas todos concordam com o seu dom para os holofotes.

JULIA DUAILIBI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

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