Manuel Garcia Monteiro (1859-1913) nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, Açores. Estreou-se aos quinze anos de idade como poeta com a publicação de várias composições na imprensa local. A sua peça Sem Cerimónia é levada à cena no teatro Faialense em 1880, tinha o autor vinte anos. Devido a dificuldades económicas, parte para Lisboa arranjando um lugar como prefeito num colégio e estudando na Escola Politécnica. Por questões de saúde, vê-se obrigado a regressar aos Açores. Em 1883 funda o jornal O Açoriano, dedicando-se inteiramente ao jornalismo. Nove meses depois, parte para os Estados Unidos da América a tentar a sorte. Fixa-se em Boston, trabalhando como tipógrafo e continuando os estudos. Forma-se em Medicina, que exerce nos E.U.A., e colabora em várias publicações nacionais e estrangeiras
UM MODO DE VER•
Ela entrou, a sorrir, brejeira, com mistério,
Chegou ao pé da filha e disse-lhe ao ouvido:
«Parabéns! Arranjei-te um óptimo marido.»
A pequena espantou-se. «O Santos Desidério!»
Este Santos viajou pelo Celeste Império.
Tem seus contos de réis; mas vive aborrecido
Por ser imberbe e calvo. «O caso é divertido!»
Exclamou a pequena. E a mãe: «O caso é sério!»
E pôs-se a enumerar as boas qualidades,
O rendimento, o luxo, as ricas propriedades,
E a traça das mamãs, «morrendo por obtê-lo.»
A filha ouviu; e então, com modo sobranceiro,
Apenas observou que aquele cavalheiro
Era rico de bens - mas pobre de cabelo.
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