Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

O simples diz-que-diz-que, a mera suspeita ou uma investigação da polícia acerca dum autarca deveriam, idealmente, causar-lhe grandes incómodos e transtornos. Um boato, uma campanha caluniadora poderiam destruir uma carreira. Seria em muitos casos injustos mas deveria ser assim. Os fumos de corrupção deveriam fazer corar de indignação os eleitores e no caso dos mesmos terem fundamento levar uma multidão irada para a porta da Câmara Municipal e à demissão do autarca em questão. Depois de provada a veniaga o pobre de Cristo teria de andar meio escondido e, obviamente, nunca mais lhe valia a pena recandidatar-se. Mesmo que o fizesse teria apenas o voto da mãezinha e o próprio.

O caso é que não assim. Desde que o autarca favoreça o clube de futebol local ou distribuía electrodomésticos é perdoado. São tudo falsidades e más vontades. O que interessa é o circo do futebol que do pão trata a segurança social.

O compadrio, a corrupção, o peculato são coisas de menor ou nenhuma importância. Ora bolas se eles estão lá é para se encherem. Com mil diabos! Ninguém é de pau e até Cristo perdoo ao bom ladrão. O Tribunal quer prendê-los? Eles que fujam que vergonha é roubar e não conseguir carregar. O Presidente da Câmara usava meios da Câmara para fins particulares? Ora bolas aquilo é de todos e quem lá está safa-se. É esta a mentalidade nacional. Um vale tudo em que a honestidade não é um valor mas um defeito ou uma fraqueza.

Os heróis nacionais passaram a ser o José do Telhado, o Chico facadas e o Zé carteirista. O autarca honesto é palerma, o cidadão cumpridor é burro.
Já tivemos o Presidente da Republica a explicar que as leis não são meras orientações de comportamento. Pois é. Mas quando o não cumprimento da lei não é acompanhado duma reprovação social, sendo antes um factor de reconhecimento social algo está muito errado. Como não se podem mudar as convicções propunha eu, para acabar com a questão, que se apagasse do código penal todas sanções para o roubo, furto, vigarice, peculato, corrupção e por aí fora.

Mantinha-se apenas a pena para o homicídio e para os pedófilos pobres.

O país não melhorava mas poupava-se muito trabalho ao Tribunais.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem dito meu amigo. Este país está assim :( e vais ver que a senhora ainda leva uma medalha.

Anónimo disse...

Somos vário(a)s os que assim pensamos. Ou seja, ainda há neste país gente honesta e decente, gente trabalhadora e mesmo,diria eu, há ainda alguns portugueses. A questão é : o que fazer para nos fazermos ouvir,como fazer para parar esta bandalhice nacional?
...E não os poderemos exterminar!!??...

OMAIA disse...

Bravo,companheiro!
Aliás, acho que as gentes de Felgueiras, de Gondomar, de Oeiras, etc. (e a maior parte ainda deve ser "intelectualmente normal") havia de fazer um ensaio sobre a lucidez - à moda do Saramago...