Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 1 de agosto de 2006











Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,

Serviram-me o amor como dobrada fria.

Disse delicadamente ao missionário da cozinha

Que a preferia quente,

Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.



Impacientaram-se comigo.

Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.

Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,

E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?



Eu não sei, e foi comigo …

Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,

Particular ou público, ou do vizinho.

Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.

E que a tristeza é de hoje.

Sei isso muitas vezes,

Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram



Dobrada à moda do Porto fria?

Não é prato que se possa comer frio,

Mas trouxeram-mo frio.

Não me queixei, mas estava frio,

Nunca se pode comer frio, mas veio frio.



Álvaro de Campos

1 comentário:

Anónimo disse...

Caríssimo
Presumo que viva no Porto, mas, se tiver oportunidade de vir a Lisboa, até 22 de Outubro, convido-o a fazer uma visita ao Museu do Fado onde decorre uma exposição sobre a fadista Berta Cardoso, cujo site teve a amabilidade de linkar no seu blog.
Se me enviar uma morada postal, terei todo o gosto em enviar-lhe um Catálogo da exposição.
Saudações "blogueiras"
OP