O suavíssimo milagre
Nesse tempo Jesus ainda se não afastara de Massamá e das doces, luminosas margens do rio Tejo — mas a nova dos seus milagres penetrara já até Almada, cidade rica, de centros comercias e hipermercados fortes, entre auto-estradas e Ikeas, no país da CDU.
Uma tarde um homem de olhos ardentes e deslumbrados passou no fresco vale, e anunciou que um novo profeta, um rabi formoso, percorria os campos e as aldeias da cidade, predizendo a chegada do Reino de Deus, curando todos os males humanos. E, enquanto descansava, sentado à beira do Mc Donalds, contou ainda que esse rabi, na estrada de Sintra, sarara da sida o GNR., só com estender sobre ele a sombra das suas mãos; e que noutra manhã, atravessando num cacilheiro para a Almada, onde começavam os saldos na Zara, ressuscitara a filha de Jairo, homem considerável e douto que comentava na TVI. E como em redor, assombrados, motoristas de táxi, vendedores, e os arrumadores de carros, lhe perguntassem se esse era, em verdade, o Messias da Judeia, e se diante dele refulgia a espada de fogo, e se o ladeavam, caminhando como as sombras de duas torres, as sombras de Gog e de Magog
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