Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dawkins e a religião

A ilusão de Dawkins num mundo melhor sem religião é uma é a prova que até se pode saber muito numa certa area do saber e nada noutras.

Ora vamos lá a ver em que mundo é que vivemos. A maioria das pessoas não tem uma vida nem perto de ser feliz, vivem inseguros, sem nunca verem satisfeitas as suas mais básicas necessidades. Infelizmente a satisfação pessoal não passa só pela satisfação de necessidades económicas. Mesmo numa sociedade de super abundancia, os problemas continuam a existir, ou porque por haver demasiada comida disponivel as pessoas começam a engordar, ou porque por daqueles azares a pessoa se vê privada de saude.

Infelizmente a maioria das pessoas é infeliz e tem uma vida chata como o caraças e, o que é bem pior, sem nenhuma hipótese de haver uma melhoria real das condições.

O que pode a ciência dar à D. Odete que tem 54 anos, casada desde os vinte com um bom homem mas com um problema de alcoolismo, sem que tal o torne violento mas mesmo assim uma grande chatice porque nunca trabalhou por aí alem, está impotente há mais tempo do que ela se lembra e de qualquer modo pelo problema de obesidade crónica e incontinenia urinária da nossa D.Odete já poucas esperanças lhe dá de recuperar algum do tempo passado. A casa é de má qualidade e está sempre em risco de se ver despejada porque , pelo menos é o que se diz, há um projecto para deitar aquilo tudo abaixo e depois é que vai ser. Dos filhos (três) um está no Linhó por uns problemas que teve com umas más companhias , a filha está casada mas está desempregada e o marido tambem e estão em vias de perder a casa. A neta mais nova sofre de asma e tem , coitadinha, a cara de fuínha do pai. Deus me perdoe – diz a D. Odete- é minha neta mas é muito feínha.
O outro filho, coitadito, meteu-se nas drogas e anda para aí ao Deus dará. Eu lá lhe vou dando o que posso mas aquilo metendo-se neles não há nada que os cure.

Ora perante um caso destes, e que é muito mais comum do que nos parece e até nem é dos piores, o que se pode dizer à D.Odete, aos filhos da D.Odete e até à neta da mesma se já tiver discirnimento para compreender ?

Talvez o que possa impedir este sistema familiar de cair no maior dos desesperos é apresentar-lhes um doce Jesus, que nem interfere com os diabetes da D.Odete e que lhes vai resolver todos os problemas.

Sejamos realistas neste mundo já não parece haver muita solução para a D.Odete. assim ela deverá ir para uma relgião que dê a salvação só após a morte. Esta vida é um vale de lágrimas mas após a morte, seguindo algumas formas simples de seguir e contribuindo com algum – que nunca poderá ser muito até porque são pobres – vão ter acesso ao céu onde o leite e mel jorram, não há diabetes, o marido da D.Odete não bebe e as casas não são demolidas nem levadas pelo banco e que os netos são lindos como anjos e voam em volta da avó.Isto pode facilmente conseguir na Igreja Católica, em qualquer confissão Luterana. È só procurar.

Se entretanto a D. Odete está um bocado rebarbada com o mundo e bastante azeda, o que aliás é mais que comprensivel pode escolher uma religião que alem de a salvar garanta ao outros que não são salvos grandes chatices e por toda a eternidade. Não seria uma grande recompensa ser salva como nas outras religiões mas saber que os outros, os que tiveram aqui uma vida refestelada vão estar em grandes tribulações e ela, com os netos a esvoaçarem em volta dela num grande prado verde, com temperatura controlado, debicando doces com açucar mesmo e que não fazem diabetes, a ver aquela vizinha bonitona, rica e saudavel, com o marido quase perfeito a arderem nas chamas do inferno porque não ouviram a palavra do doce Jesus que salva, infelizmente apenas pós-mortem, mas de uma forma definitiva e para todo o sempre? Para isso tem as testemunhas de Jeová e outras confissões apocalipticas.

Para os filhos da D.Odete ainda pode haver esperança. Certamente como gente jovem que são ainda terão alguma esperança aqui neste vale de lágrimas e certamente não tem tanta paciência assim para esperar pela morte. Vão tentar aqui e agora. Tem à sua disposição a Igreja Universal, diverso bruxos e adivinhos nos jornais diários. Se forem mais exigentes podem experimentar a Ciêntologia ou o Segredo do Bob Procter sempre são novidades no mercado.

Claro que a solução da D.Odete é mais razoável. Cumprir alguma regras aqui e receber no álem. Possivelmente os filhos e netos da senhora não vão melhorar a sua situação por estarem nesta ou naquela religião e aínda vão gastar algum dinheiro.

No entanto a descrença total e a certeza que isto aqui é mau como o caraças ia ter que vantagens ?

Corriamos o risco dos filhos e netos, quiçá espicaçados pela D.Odete, começarem a provocar disturbios, organizarem-se em gangues ou partidos radicais e desatarem a exigir neste mundo aquilo que apenas lhes está reservado no outro.

Nestes tempos de crise económica seria o caminho direitinho ao caos social.


As escolas biblicas e as religiões de imersão total, tipo evangélicas, testemunhas de Jeová e outras que tais são a nossa barreira contra o caos social.

Do ponto de vista evolucionário as sociedades não seriam sustentáveis se a grande maioria fossem ateus. Que adiantava à classe mais favorecida ter várias mulheres, comida e gado se a maioria dos famintos lhes assaltassem a casa lhes levasse as mulheres e o gado ?

Claro que podiam usar guardas armados mas é bastante importante que uma grande parte das pessoas voluntáriamente se afastem dos bens materias. Para os recalcitrantes há as armas. Isto permitiu haver um conjunto de pessoas com um excesso de bens que lhes permitiu ter espaçp para fazer arte e cultura, enfim a civilização

Pelo que se prova que as religiões não são um mal em si mas um factor determinante na evolução das sociedades.

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