Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lisconte, porto de Lisboa, bom senso e o politicamente correcto.

Ninguém, nem mesmo o dr. Sousa Tavares, tem dúvidas que o único operador credivel para o terminal de contentores de Lisboa é, a nível nacional, a Mota Engil. Se o concurso público fosse feito tenho a certeza, como toda a gente, que não haveria nenhum nacional com capacidade de concorrer e ganhar aquilo. Por outro lado, e disto também ninguém tem dúvidas, o Porto de Lisboa tem de crescer ou perde competitividade para outros, nomeadamente espanhóis ou do norte da europa.

Perante isto tinhamos duas hipóteses: um concurso público a nível mundial e aí tenho dúvidas se o mesmo não ia ser ganho por uma empresa chinesa ou de outro sitio qualquer, ou o golpe que foi feito de dar a abébia à Mota Engil, que até é nacional.

Agora a questão que se põe é se o governo português deveria ou não favorecer a Mota Engil em detrimento dos operadores internacionais.

De facto quem poderia fazer um barulho enorme era um operador estrangeiro com condições para bater a Mota Engil e que nem pode concorrer ao concurso, pelo facto do concurso nem ter existido.

Claro que a dúvida que se coloca é se é melhor ser uma empresa de capitais portugueses ser a concessionária do terminal de contentores, sem concurso público, e com os riscos que isso acarreta, ou termos feito um concurso, comme il faut, e esperar que o melhor, nacional ou estrangeira, faça a melhor proposta.

É certo que todos os governos dão abébias ás empresas do seu pais. De uma maneira ou de outra. Será que isto representa o melhor interesse público?

Francamente não tenho opinião formada. Pode ser que sim, pode ser que não.

O facto é que países muito desenvolvidos, como a Alemanha, cozinham sempre a coisa para que os operadores dos portos importantes sejam de capital alemão. A França e os E.U.A. fazem exactamente o mesmo.

Isto leva-nos aos limites da legalidade e até da democracia. Há limites para estes principios. Se um valor fundamental está em causa a legalidade e a democracia devem ceder a fim de repôr o que deve de ser, que como todos sabemos, tem muita força.

Ceder um porto estratégico ou uma empresa de interesse estratégico a interesses que podem, em última análise, conflituar com algo de indefinivel que é o subido interesse nacional, costumam ser torneados de forma a dar um ar sério à coisa, acima de qualquer suspeita, mas que mesmo à primeira vista não cabem na cabeça de ninguém.

Se, de facto, é melhor para o país, que seja uma empresa nacional a controlar o porto de Lisboa a decisão foi acertada. Se numa economia global seria melhor que o melhor operador, independentemente da nacionalidade do capital, fosse o escolhido a solução foi errada.

Que foi abébia foi. Agora se foi acertada o futuro o dirá.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá.
A decisão mais acertada com certeza seria garantir que o porto de Lisboa tivesse uma gestão pública, em vez de servir para encher os bolsos a uma qualquer grande empresa, nacional ou estrangeira. A APL foi criada para quê? Para assinar papeis?