Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Pessoas que o Sousa gostaria de ter conhecido pessoalmente.


Ao Sousa hoje deu-lhe para andar a ler a Rosalía de Castro. È grande poeta da nossa língua. Sim que isto de Galego e de Português não é assim tão diferente como isso. Não gosto é nada das traduções da Rosália para Castelhano. Os nossos amigos de Castela que me perdoem mas a Rosália é em Galego.


Eu sei que ela escreveu em Castelhano mas…bolas…prefiro a Rosalía em Galego.


Bem sei que non hai nada
Novo en baixo do ceo,
Que antes outros pensaron
As cousas que ora eu penso.

E bem, ¿para que escribo?
E bem, porque así semos,
Relox que repetimos
Eternamente o mesmo.


Tal como as nubes
Que impele o vento,
I agora asombran, i agora alegran
Os espazos inmensos do ceo,
Así as ideas
Loucas que eu teño,
As imaxes de múltiples formas,
De estranas feituras, de cores incertos,
Agora asombran,
Agora acraran
O fondo sin fondo do meu pensamento.


Nasceu em Santiago, terra do antepassado do Sousa – o próprio santo – e morreu na Corunha.


Esta poesia por si só valia uma obra. Tivesse ela escrito só esta e valia a pena, não é verdade?


San Antonio bendito,
dádeme um home,
anque me mate,
anque me esfole.


Meu santo San Antonio,
daime um homiño,
anque o tamaño teña
dun gran de millo.
Daimo, meu santo,
anque os pés teña coxos,
mancos os brazos.

Uma mller sin home...,
ίsanto bendito!,
é corpiño sin alma,
festa sin trigo,
pau viradoiro
que onda queira que vaia
troncho que troncho.

Mais, em tendo um homiño,
ίVirxe do Carme!,
non hai mundo que chegue
pra um folgarse.
Que, zambo ou trenco,
sempre é bo ter un home
para um remédio.

Eu sei dum que cobisa
causa miralo,
lanzaliño de corpo,
roxo e encarnado,
caniñas de manteiga,
e palavras tan doces
qual mentireiras.

Por el peno de día,
de noite peno,
pensando nos seus ollos
color de ceo;
mais el, xá doito,
de amoriños entende,
de casar pouco.

Facé, meu Sant Antonio,
que onda min veña
para casar conmigo,
nena solteir
que levo en dote
uma culler de ferro,
carro de boxe,

un irmanciño novo
que xá tem dentes,
unha vaquiña vella
que non dá leite...
ίAi, meu santiño!:
face que tal suceda
cal volo pido.

San Antonio bendito,
dádeme um home,
anque me mate,
anque me esfole,
que, zambo ou trenco,
sempre é bo ter un home
para um remédio.



Seria interessante encontrar paralelos na canção do S. Gonçalo de Amarante:

S. Gonçalo de Amarante
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha
Naquilo que vós sabeis.


É, no fundo, uma versão erudita da mesma quadra. Uma versão mas com com a marca da Rosalía.



A propósito: o Sousa estaciona muitas vezes o carro no parque de Rosalía em Vigo. Quanta gente sabe o que quer dizer ? Espero que muita e que nos lembremos sempre dela.


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