Esta outra cantiga fez a Pero Rodrigues Grongelete de sua mulher que havia prez que lhe fazia torto
Pero Rodrigues, da vossa mulher,
não acrediteis no mal que vos digam.
Tenho eu a certeza que muito vos quer.
Quem tal não disser quer fazer intriga.
Sabei que outro dia quando eu a fodia,
enquanto gozava, pelo que dizia,
muito me mostrava que era vossa amiga.
Se vos deu o céu mulher tão leal,
que vos não agaste qualquer picardia,
pois mente quem dela vos for dizer mal.
Sabei que lhe ouvi jurar outro dia
que vos estimava mais do que a ninguém;
e para mostrar quanto vos quer bem,
fodendo comigo assim me dizia.
Martim Soares
Trovador português, natural de Riba Lima, actual Ponte de Lima, no Minho. A sua actividade desenrolou-se entre 1230 e 1270. Frequentou a corte de Afonso X (rei de Leão e Castela), onde conviveu com os outros poetas aí estabelecidos, alguns deles provençais. A sua produção poética é constituída por quarenta e cinco poemas: vinte e sete cantigas de amor, dezassete cantigas de escárnio e maldizer, e uma tenção, escrita de parceria com Paio Soares de Taveirós. Considerado pelos outros trovadores como aquele que melhor soube trovar, artista sério e consciente das suas capacidades, compôs cantigas de amor segundo os moldes dos últimos trovadores provençais. Em todos os géneros deixou transparecer a sua veia irónica, visível, por exemplo, na cantiga de escárnio sobre os maus poetas
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