Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

segunda-feira, 9 de março de 2009

Uma carta ao arcebispo de Recife, D. José Cardoso Sobrinho

Excelência:


Acerca da criança abusada pelo padrasto tomei a liberdade de lhe transmitir o que penso sobre a sua actitude.

Houve uma menina que foi abusada sexualmente pelo padrasto, durante anos a fio e esse abuso culminou na gravidez da menina. Aos nove anos e com trinta quilos. Não que o peso de trinta quilos não seja apropriado a uma criança de nove anos. Não parece é que, segundo os médicos, fosse o mais indicado, até pela idade da vitima para dar à luz gémeos. Concordará Vossa Excelência que nove anos não é também a idade ideal para ser mãe.

Quanto a pesos, idade e maturidade penso que estaremos os dois de acordo.

No seguimento da coisa penso que também não deveremos divergir muito. Há uma vitima dum crime. Não podemos evitar o que foi feito mas podemos, e devemos, agir de acordo com o que é melhor para a menina.

Poderemos divergir no que concerne à interrupção voluntária da gravidez. Em alguns casos penso eu que se poderá e deverá fazer, vossa Excelência nunca concorda.

São opiniões.

Agora terá vossa Excelência de concordar que a relação sexual do padrasto com a menina não foi consentida. Mesmo que a criança quisesse, pedisse e desse a aprovação ela não o podia fazer. Não podia por ser uma criança. Da mesma forma que uma criança não pode realizar negócios, casar, conduzir um automóvel exactamente por ser criança. Não pode consentir.

Não sei se é o caso mas o padrasto poderá defender-se dizendo que a menina é que quiz, que era consensual e outras coisas do género. Nada disto o defende. Trata-se duma criança que ainda não pode decidir.

O que Vossa Excelência fez foi excomungar uma criança de 9 (nove) anos. Esta excomunhão resultou dos médicos e da familia terem decidido interromper a gestação. A menina ao nove anos não decide se quer ou não ir para a escola, ser operada às amigdalas ou ir à discoteca à noite com os colegas. Não o pode fazer. Não tem maturidade para decidir da sua vida.

A sua excomunhão até justifica um pouco a posição do padrasto no caso de se querer defender dizendo que o sexo foi consensual. Se a menina tem idade para ser excomungada porque não para ter relações sexuais consentidas ?

Repare na monstruosidade do que fez.

Eu sei que apelar ao senso moral e ético dum dignatário da igreja é mais ou menos, sem querer ofender ninguém, como fazer pregações morais aos carteis de droga. Sei que é chover no molhado e que a humanidade básica não entram nestes paradigmas. Agora há limites à perfidia.

Perante um caso dramático a vossa reacção é : castigue-se a menina. Lançam esconjuros, pragas e maldições contra uma criança que não se pode defender.

Pode passar-lhe pela cabeça o que a menina sentirá com a sua actitude ?

Certamente que sim. Não me parece que Vossa Excelência seja tão imbecil que não possa imaginar o sofrimento que foi causar à menina.

Da mesma maneira que o padrasto cometeu o crime ao longo do tempo. Não se tratou dum acto isolado e irreflectido duma noite de borracheira.

Vossa Excelência igualmente agiu a frio e deliberadamente. Não foi uma praga lançada num momento de ira ou bebedeira. Não!

Vossa Excelência, a frio, no seu gabinete decidiu lançar uma praga, e por escrito contra....uma menina de nove anos que foi violada pelo padrasto, que tem trinta quilos e está gravida de gemeos.

Deverá ter Vossa Excelência noção clara do trauma que poderá causar a esta criança com o seu comportamento. Agiu, portanto, deliberadamente, a frio, e com conhecimento dos resultado das suas acções.

A qualifiação de tal comportamento parece-me clara. Para exprimir bem os meus sentimentos teria de usar palavras bastante duras e bastante vernáculas.

Pode bem Vossa Excelência imaginá-las. Imagine as piores e mesmo assim pode ter a certeza que não são suficientes para qualificar o seu comportamento.

Se pretende excomungar, enviar pragas e castigos faça-o a adultos. Arranje alguem do seu tamanho e que se possa defender.

Entretanto veja lá se consegue que o seu Deus o perdoe. Eu sei que Ele é infinitamente bom...mas caramba! Desta vez Vossa Excelência exagerou mesmo. A coisa não me parece fácil.

O minimo que poderia fazer era ir pedir desculpa à menina, prometer que não repete a graça e remeter-se a um silêncio prudente até que Deus se apiede da sua alma e a arquive nos quintos dos infernos.

Gostaria também que Vossa Excelência soubesse que se tal caso se desse na minha familia eu trataria, no mais curto espaço de tempo, de lhe arrancar a saias e de lhe dar tal correctivo que nem toda a corte celestial era suficiente para lhe compôr as nódoas negras. Iria demorar bastante tempo até que Vossa Excelência pudesse volta a usar sais. Eu sei que isto implica excomunhão imediata. Como sou adulto cá estou para me defender.

Com o maior desprezo por Vossa Excelência,

Subsrevo-me

6 comentários:

OMAIA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
OMAIA disse...

Tinha aqui escrito
Apoiado! Subscrito! Bravo!

Mantenho: com a adenda de que parece que os excomungados foram a Mãe da menina, e os médicos que lhe salvaram a vida.

Os açoites são merecidos na mesma!... Esse bispo nasceu excomungado e não sabe!

Anónimo disse...

A menina ter sido excomungada não tem mal nenhum, muito pelo contrário. Ser excomungada por uma instituição destas é, efectivamente, uma benção.

Maresia disse...

Subscrevo.

Didas disse...

Sousa, é assim: Para mim, que sou apenas uma padeira, uma excomunhão não é castigo nenhum. Na verdade... não chega a ser nada. Não tem substância nem qualquer importância. Caga nisso! Que a miúda passe bem de saúde (física e mental) a partir de agora, é o que interessa.

Joaninha disse...

Ele há cada um...Deixa-nos com a pulga atrás da orelha relativamente ao próprio do Bispo, se a ele não lhe parece apropriado excomungar o homem, será que ele não vê os actos deles da mesma forma que, nós, pactuará ele com outros que cometem os mesmos actos, comete-los-á ele?

muito fica aqui no ar.

beijos