Mais um dia em Angola. Transito, poluição, muita, e principalmente, contrastes.
Passei o dia na cidade. Visitas e negócios. Negócios poucos que aqui todo o cuidado é pouco.
Entre os vários sítios que fui o escritório dum colega.
Impecável e funcional. Agora o piso térreo do prédio é de fugir.
Está, aparentemente, a dar-se bem.
É extraordinário como o preço das habitações é tão caro e há tantos prédios, em zonas nobres abandonados a meio da construção. Habitam lá jovens, tão jovens são, marginais.
Não cheiram cola, como no Brasil ou na Tailândia, mas gasolina. Colocam gasolina num pano e inalam.
É surreal uma cidade em que no tosco dum prédio que nunca o será, meninos que nunca o serão, cheiram gasolina entre carros, igualmente a gasolina, de centenas de milhares de euros.
Não chegam a ser perigosos. Tem um ar assustado e sobrevivem a lavar carros na cidade.
Não parecem ser perigosos mas todo o cuidado é pouco.
Lembraram-me um poema de Bel:
Fils de bourgeois ou fils d'apotre
Tous les enfants sont comme les votres
Fils de cesar ou fils de rien
Tous les enfants sont comme le tien
Le meme sourire les memes larmes
Les memes alarmes les memes soupirs
Possa existir um deus tão misericordioso que nos perdoe essas e outras.
Mas falemos de outras coisas:
Um café na ilha que por mais incrível que pareça até é fácil lá chegar.
Uma esplanada agradável. Praia muita e segura. Estamos no Inverno está deserta.
Perdi-me num mercado entre a baixa e Alvalade.
O mesmo cenário. População muito jovem e, parece, que todas as meninas estão grávidas.
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