Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 13 de abril de 2010

Com todo o respeito feliz pela eminência da papal visita.

O livro está esgotado. Por isso não me parece grave por aí além transcrever "a visita do papa" de Alberto Pimenta. Não foi escrito para este papa mas para o anterior. Esperemos que Deus Nosso Senhor que tudo pode inspire o autor para este tão ou mais digno sucessor de S.Pedro em tão subido cargo.

A bandidagem do costume vai continuar a tentar enxovalhar sua santidade e as santas criaturas que o acompanham

Os cães ladram e a caravana passa.

Eles, na sua humildade e cheiros de santidade, sacodem a poeira das saias e continuam nas suas pias e santas obras sem as quais já o mundo teria caído na maior das libertinagens.

Libertinagens essas que, como todos sabemos são a segunda causa da queda das almas nos infernos.

A primeira e mais perigosa é a desobediência aos mandamentos da santa igreja. Venham estas ordens do papa ou do mais ínfimo dos representantes da santa madre igreja.

E, como todos sabemos, os caminhos do senhor são imprescrutaveis sabendo apenas a santa madre igreja a vontade de Deus Nosso Senhor.

Assim sendo ao crente não tem mais que acatar, calar quando for de calar, abafar quando for de abafar e falar apenas quando instado - com toda a caridade - a tal.

Assim e dentro do espírito de alegria que nos provoca uma papal visita transcrevemos o poema de Alberto Pimenta.

Não nos atrevemos a atribuir-lhe inspiração do Divino Espírito Santo, tão dado a inspirar escribas de outras épocas, mas certamente de grande valia para a salvação das almas.







Enquanto o papa não chega

Todos dão a sua achega*

POR EXEMPLO:

As autoridades convencem com os dentes.

Os deputados erguem as nádegas

para lhes serem metidas moedas na ranhura.

Os investidores apostam na sementeira

de guardas-republicanos.

Os magistrados justificam o uso

da força com a força do uso.

Os militares apoiam a democracia em geral

e o cão-polícia em particular.

Os tecnocratas correm o fecho-éclair

para fazer luz sobre o assunto.

Os psiquiatras metem o dedo no olho

do cliente para lhe aprofundar os desvios.

Os mestres ensinam os cães particulares

a defecar nos passeios públicos.

Os escritores erguem a voz acima de todas para

dizer que todas as vozes se devem fazer ouvir.

Os funcionários públicos zelam por que tudo

o que não é proibido seja obrigatório.

Os sacerdotes encaminham a alma

para o sétimo céu.

Sem comentários: