Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Continuação da crise da europa

Ora dizia eu que o problema fundamental da europa é que os velhinhos obstinam-se a não morrer, as criancinhas a não nascer e os cuidados de saúde a serem cada vez mais caros.

As legislatura continuam de quatro mizeros anos. Quatro anos para passar da mais ignominiosa vida medíocre para a ribalta e para aquilo que nos move a todos: o dinheiro. O maldito dinheiro.
Da segunda legislatura já se sabe o que é. Ele há tabus e mais um sem fim de razões para abruptamente um homem de bem se ver hoje de carro preto, contactos sem fim, envelopes que até se esquecem para uma travessia do deserto. E o que é pior é que os credores quando se anda por S Bento, de carro preto são sorridente e corteses. Cai-se na miséria da oposição e são todos falta de cortesia, rudes até.


Ora perguntará o benevolente leitor o que tem a ver o drama pessoal dum nobre político, só comparável aos dramas íntimos dum Hamlet, com a crise das dívidas soberanas e da tal falta de confiança ?

Muito mais do que se pensa.

Ora com a tal problema dos velhos que não morrem, das crianças que não nascem e fosse cuidados de saúde cada vez mais caros como reagiram os nossos políticos ?

Eles são apenas homens e não deuses. Iluminados por valores éticos superiores ao do cidadão comum, habilitações académicas de elevado valor e reconhecido mérito e , o que é mais, de vidas pessoais de tal modo impolutas que fariam corar de vergonha qualquer marco aurélio

Claro que nestas coisas de ética e bons costumes é preciso alguma prudência. Isso se um homem começa a por em segundo lugar o bem estar da sua família - e há valor mais elevado que a família? - por questões de bem estar público e do subido interesse da nação pode bem como disse um sábio há muito tempo:

Que interessa a um homem ganhar o mundo se perde a sua alma ?


Ora isto nestes tempos de materialismo militante quem diz alma quer dizer família - esse valor supremo - e o que é mais meus senhores: o dinheiro.

Ora o que fizeram os nossos nobres políticos em defesa intransigente dos valores éticos e da família ?

Como não havia graveto para pagar as tais pensões e cuidados de saúde, enquanto esperavam pelo nascimento das doces crianças, foram pedindo a bagalhoça emprestada.

Ideia sábia e ponderada pela qual todos ganhavam  : as forças vivas ( os tais banqueiros e malta da bagalhoca) recebiam juros muito acima do mercados, os beneficiários beneficiavam e as santas famílias e amigos - que isto quem não é agradecido aos amigos não pode ser boa pessoa - arrulhavam de prazer.

Entretanto chegava-se ao fim da legislatura. Faziam-se uns contratos de última hora, levavam-se uns papéis mais comprometedores para casa, que isto há gente que vê maldade em tudo  e os próximos que se desmerdacem com a coisa. O seu (deles) dever com a pátria findava. Pelo menos até que o próximo governo se exaurisse e chegasse o terror da segunda legislatura.

Aí, se fossem chamados a servir a Nação (com letra grande) lá acediam, muito contrariados, voltando da morna passagem por um qualquer instituto público, fundação de subido interesse público ou da tal empresa privada onde inevitavelmente se criaram laços de amizade.

Sendo pessoas de bom trato, educados e com gosto pelas relações sociais é muito natural - pelos menos entre pessoas urbanas - que o exercício da governação gere relações pessoais que, mesmo entre legislaturas, se mantenham.

 Nada na lei, nos bons costumes ou mesmo no mais elementar bom senso impede  um politico de se relacionar pessoalmente com as forças vivas do pais - que no fundo é quem leva isto para a frente - e depois, abruptamente, no fim da legislatura despedir-se com um seco adeus e agora cada um por si.

Nem tal me parecia atitude de pessoas de bem e educadas.

O que tem isto a ver com a crise da Europa?

Diz o povo e com razão que não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe.

Com estas sábias palavras termino que a crise da Europa é para continuar em capítulos

 Que isto da escrita como na politica fazer render o peixe é arte antiga.

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