Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O estado da nação

Vamos lá ver o buraco em que estamos metidos. Para isso temos de andar um pouco atrás no tempo.

A CEE começa como uma união aduaneira mais ou menos incompleta de países em igual estádio de desenvolvimento. Ao contrário da CECA não cria verdadeiras instituições supra nacionais.

Quando dá o passo em frente de passar de CEE a UE e se alarga a sul a palavra de ordem era convergência. Tapada a leste começa a criar verdadeiras estruturas supra-nacionais e a alargou-se a sul.

Os países e regiões pobres eram minoritários e a discussão era quando se ia atingir a convergência.

Os países delegaram as alfândegas e politicas cambiais na união. 

Convergia-se e tudo corria bem.

De repente cai o muro de Berlim, a URSS desfaz-se e o que parecia uma ingenuidade dum papa : a tal Europa do atlântico ao Urais parece ser possível.

Ainda nem tinhamos bem pensado nisto a RFA reconhece a Croácia.É bem conhecida a falta de inteligência dos alemães na politica externa. 

Catrafoda-se que temos uma guera no centro da Europa e que pode degenerar num conflito generalizado.

Os lideres europeus entraram em tal panico que desatam a alargar de qualquer maneira. Já se falava da adesão da Turquia, Marrocos, Rússia e Ucrânia.

Alarga-se a união europeia cria-se uma moeda unica com circulação em alguns países e indexam-se as patacas dos outros ao euro.

Já não se falava de convergência mas de convergênciazinha.

De repente vemos o monstro que criamos:

Vinte e oito países com fiscalidade diferentes, interesses diferentes no valor do Euro, estratégias de longo prazo diferentes e com interesses aduaneiros contraditórios.

Atira-se a toalha ao chão da convergência.

Temos é um problema: a adesão dos países do sul ainda na fase eufórica da convergência, tornou-os dependentes de subsídios dos ricos. estão endividados e para manterem os níveis de vida precisam de ajuda dos mais ricos.

Os ex de leste nunca subiram a este patamar e nem notam. O problema é que se se continua a subsidiar os outros eles um dia descobrem e também querem. E já ninguém está interessado na convergência.

Ora é claro que nestas coisas há sempre o interesse dos lobys e o interesse dos países em defenderem os seus interesses.

O Euro forte e a abertura das fronteiras à China interessa à Alemanha. É fatal para os países como Portugal mas como não somos um estado único a Alemanha fica com os lucros da exportação e Portugal com os custos do subsidio de desemprego.

Temos portanto uma situação insustentável:

Não temos alfândegas nem emitimos dinheiro. Estamos portanto sujeitos à boa vontade dos mais ricos de nos passarem um cheque para compensar isto. A Alternativa era fechar um pouco as fronteiras ou baixar o Euro mas isso ia prejudicar os mais ricos.

E nestas coisas já se sabe que os clientes tem sempre razão e os clientes são forçosamente ricos logo os pobres não tem razão.

Do ponto de vista de Portugal e muito friamente temos algumas hipóteses :


Cortar com a UE e com os credores. Fechar fronteiras, emitir moeda própria e virarmo-nos para África. Fazermos o que sempre fizemos que é estar de costas para a Europa. 


Negociar com a UE direitos adquiridos. Convencê-los a pagar a diferença.

Acabar com a austeridade e diminuir a despesa do estado a níveis suportáveis. 


A única alternativa que me parece viável é a terceira. Assumirmos que Portugal vai ter um nível de vida tipo rep. Checa. 

Cortar 200.000 funcionários públicos.

Isto claro que vai implicar uma muito menor qualidade no serviço público. O SNS que está ao nível dos melhores da Europa passa a ficar ao nível da Hungria.

E acabar com a austeridade para que a economia cresça. Baixar impostos.

Claro que isto vai criar uma nova realidade de pessoas sem assistência médica, mais filas nas finanças, menor qualidade de ensino, etc e etc.

Os melhores, como sempre vão emigrar, as empresas do centro da Europa vão prosperar e nós vamos continuar como sempre um dos cús da Europa. Ficamos com a vantagem de podermos circular livremente e com algumas estruturas que até nem são más de todo.

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