Vamos lá ver o buraco em que estamos metidos. Para isso temos de andar um pouco atrás no tempo.
A CEE começa como uma união aduaneira mais ou menos incompleta de países em igual estádio de desenvolvimento. Ao contrário da CECA não cria verdadeiras instituições supra nacionais.
Quando dá o passo em frente de passar de CEE a UE e se alarga a sul a palavra de ordem era convergência. Tapada a leste começa a criar verdadeiras estruturas supra-nacionais e a alargou-se a sul.
Os países e regiões pobres eram minoritários e a discussão era quando se ia atingir a convergência.
Os países delegaram as alfândegas e politicas cambiais na união.
Convergia-se e tudo corria bem.
De repente cai o muro de Berlim, a URSS desfaz-se e o que parecia uma ingenuidade dum papa : a tal Europa do atlântico ao Urais parece ser possível.
Ainda nem tinhamos bem pensado nisto a RFA reconhece a Croácia.É bem conhecida a falta de inteligência dos alemães na politica externa.
Catrafoda-se que temos uma guera no centro da Europa e que pode degenerar num conflito generalizado.
Os lideres europeus entraram em tal panico que desatam a alargar de qualquer maneira. Já se falava da adesão da Turquia, Marrocos, Rússia e Ucrânia.
Alarga-se a união europeia cria-se uma moeda unica com circulação em alguns países e indexam-se as patacas dos outros ao euro.
Já não se falava de convergência mas de convergênciazinha.
De repente vemos o monstro que criamos:
Vinte e oito países com fiscalidade diferentes, interesses diferentes no valor do Euro, estratégias de longo prazo diferentes e com interesses aduaneiros contraditórios.
Atira-se a toalha ao chão da convergência.
Temos é um problema: a adesão dos países do sul ainda na fase eufórica da convergência, tornou-os dependentes de subsídios dos ricos. estão endividados e para manterem os níveis de vida precisam de ajuda dos mais ricos.
Os ex de leste nunca subiram a este patamar e nem notam. O problema é que se se continua a subsidiar os outros eles um dia descobrem e também querem. E já ninguém está interessado na convergência.
Ora é claro que nestas coisas há sempre o interesse dos lobys e o interesse dos países em defenderem os seus interesses.
O Euro forte e a abertura das fronteiras à China interessa à Alemanha. É fatal para os países como Portugal mas como não somos um estado único a Alemanha fica com os lucros da exportação e Portugal com os custos do subsidio de desemprego.
Temos portanto uma situação insustentável:
Não temos alfândegas nem emitimos dinheiro. Estamos portanto sujeitos à boa vontade dos mais ricos de nos passarem um cheque para compensar isto. A Alternativa era fechar um pouco as fronteiras ou baixar o Euro mas isso ia prejudicar os mais ricos.
E nestas coisas já se sabe que os clientes tem sempre razão e os clientes são forçosamente ricos logo os pobres não tem razão.
Do ponto de vista de Portugal e muito friamente temos algumas hipóteses :
Cortar com a UE e com os credores. Fechar fronteiras, emitir moeda própria e virarmo-nos para África. Fazermos o que sempre fizemos que é estar de costas para a Europa.
Negociar com a UE direitos adquiridos. Convencê-los a pagar a diferença.
Acabar com a austeridade e diminuir a despesa do estado a níveis suportáveis.
A única alternativa que me parece viável é a terceira. Assumirmos que Portugal vai ter um nível de vida tipo rep. Checa.
Cortar 200.000 funcionários públicos.
Isto claro que vai implicar uma muito menor qualidade no serviço público. O SNS que está ao nível dos melhores da Europa passa a ficar ao nível da Hungria.
E acabar com a austeridade para que a economia cresça. Baixar impostos.
Claro que isto vai criar uma nova realidade de pessoas sem assistência médica, mais filas nas finanças, menor qualidade de ensino, etc e etc.
Os melhores, como sempre vão emigrar, as empresas do centro da Europa vão prosperar e nós vamos continuar como sempre um dos cús da Europa. Ficamos com a vantagem de podermos circular livremente e com algumas estruturas que até nem são más de todo.
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