Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Ricardo Salgado

Eu sempre embirrei com o Ricardo Salgado. Acho-o a antítese do banqueiro e sempre que o via lembrava-me do banqueiro anarquista do Pessoa.

Do banqueiro anarquista até gosto porque é só um texto.

O Ricardo Salgado é,  infelizmente, de carne e osso.

Uma parte da antipatia é muito subjectiva.  Há pessoas para que se olha e a antipatia é instantânea. 

Foi o caso.

Há outra parte que não é tão subjectiva.

Os banqueiros são inodoros, insossos e tão transparentes que muito raramente os vemos.

Aparecem em público para inaugurar a nova sede do banco, dizem umas palavras de circunstância,  agradecem a confiança dos clientes e o esforço dos colaboradores e cortam a fita.

Tudo isto de fato clássico e escuro.

Podem excepcionalmente aparecer numa iniciativa de solidariedade patrocinada pelo banco e, de fato escuro,  agradecem a todas as pessoas o empenho demonstrado sem o qual tal acção não seria possível. 
Tem uma palavra em especial para os colaboradores do banco e clientes.

Aparece também,  de fato escuro e discreto , para anunciar boas novas tais como o aumento de dividendos.
Nunca se esquece de agradecer aos colaboradores,  o bem mais precioso do nosso banco, e aos clientes que em nós confiam e sem os quais nada seriamos.

Fora disto não tem clube de futebol embora apoie o desporto, não tem partido político embora aprecie a maturidade da nossa política e as muitas qualidades do nossos políticos,  não tem religião nem é ateu mas - através do banco - está comprometido na liberdade religiosa.

Da sua vida pessoal sabe-se que é banqueiro e que possivelmente come e caga com alguma regularidade.

Mesmo a parte do caga e come ou come e caga não é confirmado ou desmentido nem pelo próprio nem por fontes próximas

Os banqueiros são assim invisíveis e de confiança. Nem hobbies tem. Senão começámos a pensar que em vez de gerir o nosso querido dinheirinho anda a perder tempo com outras coisas.

Ora o Ricardo Salgado tinha tempo e disponibilidade para tudo menos para ser banqueiro.

Devia ter ido para bancário e não para banqueiro.

Por isso é que nunca simpatizei com ele.

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