Há ministérios que se gastam. E todavia, esses ministérios, como os outros, administram o tesouro com honestidade, fazem o expediente das secretarias com suficiente regularidade, mantêm no país uma ordem benéfica, não oprimem nem a imprensa nem a consciência, são respeitosos para com o Chefe de Estado, acompanham com dignidade, ao Alto de S. João, todos os defuntos ilustres, falam nas Câmaras com honrosa correcção, são na vida privada cidadãos estimáveis, e no entanto – ao fim de alguns meses desta rotina honesta, pacata e higiénica – gastam-se.
Gastam-se porquê? Compreende-se que um ministério que luta com dificuldades, que se coloca ao través da opinião pública, se gaste, como ao través de um frágil estacado que uma corrente hostil incessantemente bate. Compreende-se ainda que um governo criado especialmente para resolver certas questões sociais ou políticas, se torne desnecessário, desde que as tenha resolvido, e fique como o zângão que fecundou a abelha e é daí em diante um inútil.
Mas quando se não dá nenhuma destas hipóteses, quando os ministros não foram trazidos do seio da sua família para resolver questões sociais, – ou porque as não haja, ou porque seja um princípio tacitamente estabelecido deixá-las sem resolução – quando,.56 em lugar de se esforçarem contra a larga corrente da opinião, os ministros lhe bolam regaladamente no dorso, não compreendo como um ministério se possa gastar.
Um dia pedi respeitosamente ao Conde d'Abranhos a explicação da palavra e do fenómeno, e S. Exª, o que raras vezes sucedia, deu uma resposta vaga, tortuosa, reticente:
– É uma coisa que se sente no ar. É um não sei quê... Sente-se que a situação está gasta...
Não me permitiu o respeito que insistisse, mas, no fundo do meu entendimento, guardo um secreto terror por este fenómeno incompreensível!
O Conde d'Abranhos
Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol
sexta-feira, 26 de novembro de 2004
Contribuição da Maria50
Avec le Temps
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur, quand ça bat plus, c'est pas la peine
d'aller
Chercher plus loin, faut laisser faire et c'est
très bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la
pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots, entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de
ces gueules
A la Gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la
mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va tout
seule
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un
rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques
sous
Devant quoi l'on s'traînait comme traînent les
chiens
Avec le temps, va, tout va bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres
gens
Ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas
froid
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus.
Léo Ferré
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur, quand ça bat plus, c'est pas la peine
d'aller
Chercher plus loin, faut laisser faire et c'est
très bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la
pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots, entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de
ces gueules
A la Gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la
mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va tout
seule
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un
rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques
sous
Devant quoi l'on s'traînait comme traînent les
chiens
Avec le temps, va, tout va bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres
gens
Ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas
froid
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus.
Léo Ferré
segunda-feira, 22 de novembro de 2004
Respostas possiveis à pergunta do referendo
“Se eles gostarem uns dos outros porque não se hão-de casar? São pessoas como as outras têm é aquele vício.”
“Desculpe mas eu cá com mariquices não alinho. Se querem fazer essas coisas que se escondam”
“Concordo plenamente. O correio está cada vez mais atrasado. O Governo já devia ter feito alguma coisa. A minha pensão chega sempre atrasada”
“ Pois claro! São trabalhadoras como as outras e deviam estar a descontar até para terem uma reformita. E alem dos mais estão sujeitas a tantas doenças”
“Isso da maioria não sei, mas que devia haver menos porcaria na televisão. Desculpe é para os apanhados? “
“O Carlos Cruz está inocente”
“Nas votações devia ganhar sempre a maioria. Agora se não estão qualificados não podem inscreverem-se, não é? “
Solução do João da Ega. Dos Maias, claro!
- Essa é outra! gritou Ega atirando os braços ao ar. É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm imenso talento. A oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injurias, têm, à parte os disparates que fazem, um talento de primeira ordem! Por outro lado a maioria admite que a oposição, a quem ela constantemente recrimina pelos disparates que fez, está cheia de robustíssimos talentos! De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra. E resulta portanto este facto supra-cómico: um país governado com imenso talento, que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis!
hoje virei-me para o O Conde d'Abranhos
O Conde d'Abranhos, com a sua alta intuição, sentiu que se estava preparando uma nova política, que, condizendo com o seu temperamento, seria o elemento natural em que a sua fortuna medraria como num terreno propício. Ele bem sabia que o governo nada perdia do seu poder discricionário – mas que apenas o disfarçava. Em vez de bater uma forte patada no país, clamando com força: – Para aqui! Eu quero! – os governos democráticos conseguem tudo, com mais segurança própria e toda a admiração da plebe, curvando a espinha e dizendo com doçura: – Por aqui, se fazem favor! Acreditem que é o bom caminho!
Tomemos um exemplo: o eleitor que não quer votar com o Governo. Ei-lo, aí, junto da urna da oposição, com o seu voto hostil na mão, inchado do seu direito. Se, para o obrigar a votar com o Governo o empurrarem às coronhadas e às cacetadas, o homem volta-se, puxa de uma pistola – e aí temos a guerra civil. Para que esta brutalidade obsoleta? Não o espanquem, mas, pelo contrário, acompanhem-no ao café ou à taberna, conforme estejamos no campo ou na cidade, paguem-lhe bebidas generosamente, perguntem-lhe pelos pequerruchos, metam-lhe uma placa de cinco tos-tões na mão e levem-no pelo braço, de cigarro na boca, trauteando o Hino, até junto da urna do Governo, vaso do Poder, taça da Felicidade! Tal é a tradição humana, doce, civilizada, hábil, que faz com que se possa tiranizar um País, com o aplauso do cidadão e em nome da Liberdade.
Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: «Eu, que sou governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a Soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito... E quanto ao seu proveito... adeus, ó compadre!
Ponho-lhe na mão uma espada; e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a Fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por trás dele, sou eu, astuto manejador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!»
E eu que, durante quinze anos, vivi na honrosa intimidade do Conde d'Abranhos e me penetrei nas suas ideias, estou tão crente desta verdade, que – dado um Chefe de Estado irresponsável, ministros e uma Câmara electiva – me comprometo, oh! leitores, a fazer governar esse grande e velho reino da Taprobana pela Camila Pelada, do Beco dos Cavaletes! Como procederei eu? Tomo a Pelada, enamoro dela o Chefe do Estado, o que é fácil, hoje que o deboche tem as persuasões de uma religião e os métodos de uma ciência. Dirigido por ela, o Chefe do Estado escolhe os ministros, e os ministros, como no conto popular, convencem os eleitores, que nomeiam os deputados, que os legalizem a eles, ministros, e às suas fantasias, decretos, empréstimos e discursos! O povo, satisfeito, afirma: Eu sou o dono! Eu, rio-me. A dona é a Camila – e se eu, por acaso, for o Serafim da Camila, sou eu, afinal, quem governa a Taprobana, dentre os lençóis de uma alcova, no Beco dos Cavaletes!
Tudo isto o sentiu num relance o Conde, quando, depois da Maria da Fonte, os ministérios da Força cederam o passo aos ministérios da Astúcia. A Maria da Fonte foi.a introdução no Estado de uma nova táctica social.
Tomemos um exemplo: o eleitor que não quer votar com o Governo. Ei-lo, aí, junto da urna da oposição, com o seu voto hostil na mão, inchado do seu direito. Se, para o obrigar a votar com o Governo o empurrarem às coronhadas e às cacetadas, o homem volta-se, puxa de uma pistola – e aí temos a guerra civil. Para que esta brutalidade obsoleta? Não o espanquem, mas, pelo contrário, acompanhem-no ao café ou à taberna, conforme estejamos no campo ou na cidade, paguem-lhe bebidas generosamente, perguntem-lhe pelos pequerruchos, metam-lhe uma placa de cinco tos-tões na mão e levem-no pelo braço, de cigarro na boca, trauteando o Hino, até junto da urna do Governo, vaso do Poder, taça da Felicidade! Tal é a tradição humana, doce, civilizada, hábil, que faz com que se possa tiranizar um País, com o aplauso do cidadão e em nome da Liberdade.
Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: «Eu, que sou governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a Soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito... E quanto ao seu proveito... adeus, ó compadre!
Ponho-lhe na mão uma espada; e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a Fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por trás dele, sou eu, astuto manejador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!»
E eu que, durante quinze anos, vivi na honrosa intimidade do Conde d'Abranhos e me penetrei nas suas ideias, estou tão crente desta verdade, que – dado um Chefe de Estado irresponsável, ministros e uma Câmara electiva – me comprometo, oh! leitores, a fazer governar esse grande e velho reino da Taprobana pela Camila Pelada, do Beco dos Cavaletes! Como procederei eu? Tomo a Pelada, enamoro dela o Chefe do Estado, o que é fácil, hoje que o deboche tem as persuasões de uma religião e os métodos de uma ciência. Dirigido por ela, o Chefe do Estado escolhe os ministros, e os ministros, como no conto popular, convencem os eleitores, que nomeiam os deputados, que os legalizem a eles, ministros, e às suas fantasias, decretos, empréstimos e discursos! O povo, satisfeito, afirma: Eu sou o dono! Eu, rio-me. A dona é a Camila – e se eu, por acaso, for o Serafim da Camila, sou eu, afinal, quem governa a Taprobana, dentre os lençóis de uma alcova, no Beco dos Cavaletes!
Tudo isto o sentiu num relance o Conde, quando, depois da Maria da Fonte, os ministérios da Força cederam o passo aos ministérios da Astúcia. A Maria da Fonte foi.a introdução no Estado de uma nova táctica social.
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
quinta-feira, 11 de novembro de 2004
Texto copiado pelo Presidente Jorge Sampaio da Bíblia manuscrita:
3 E o espírito do Egipto se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros.
4 E entregarei os egípcios nas mãos de um senhor cruel, e um rei rigoroso os dominará, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.
5 E secarão as águas do mar, e o rio se esgotará e ressequirá.
6 Também os rios exalarão mau cheiro e se esgotarão e secarão os canais do Egipto; as canas e os juncos murcharão.
7 A relva junto ao rio, junto às ribanceiras dos rios, e tudo o que foi semeado junto ao rio, secará, será arrancado e não subsistirá.
8 E os pescadores gemerão, e suspirarão todos os que lançam anzol ao rio, e os que estendem rede sobre as águas desfalecerão.
9 E envergonhar-se-ão os que trabalham em linho fino, e os que tecem pano branco.
10 E os seus fundamentos serão despedaçados, e todos os que trabalham por salário ficarão com tristeza de alma.
11 Na verdade são loucos os príncipes de Zoã; o conselho dos sábios conselheiros de Faraó se embruteceu; como, pois, a Faraó direis: Sou filho de sábios, filho de antigos reis?
12 Onde estão agora os teus sábios? Notifiquem-te agora, ou informem-te sobre o que o SENHOR dos Exércitos determinou contra o Egipto.
13 Loucos tornaram-se os príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Nofe; eles fizeram errar o Egipto, aqueles que são a pedra de esquina das suas tribos.
sem comentários
El médico en juramento
de servir l'humanidad,
con gran religiosidad
recibe un documento;
olvid'el primer momento,
le da por matrimoniarse,
en auto quiere pasearse,
ya no le incumb'el paciente,
si no es un rico pudiente;
el pobre vaya'enterrarse.
El abogado tan grave
delante de un garrapata
..................................*
s'encierra como con llave,
le dice que nada sabe,
le nombra otro consultorio;
en un blanco lavatorio
se lava como Pilato,
después de bailar un rato
la danza de los demonios.
Y eso es poco, en esta fiebre
miremos al comerciante,
con su sonrisa galante
los pasan gatos por liebres,
aunque los cielos se quiebren.
Hay que decir la verdad
de tanta calamidad
por la que estamos pasando;
váyase, pues, consolando
con tanta mariconá'.
Nadie se ha muerto de amor
ni por cariño fingido,
ni por vivir sin marido,
ni por supuesta traición;
el mundo es una estación
con trenes de sinsabores,
con faltas muy superiores;
su pleito no es una queja,
gran pleito es quien despelleja
sin lástima a nuestros pobres.
Señora, yo la condeno
a l'alto de una patagua,
cinco días a pan y agua
durante todas sus horas;
las lágrimas que me llora
no tienen explicación,
denuncie con su furor
la farsa politicante,
no los suspiros galantes
ni las razones de amor.
* Pelos vistos falta no escrito original
Violeta Parra
de servir l'humanidad,
con gran religiosidad
recibe un documento;
olvid'el primer momento,
le da por matrimoniarse,
en auto quiere pasearse,
ya no le incumb'el paciente,
si no es un rico pudiente;
el pobre vaya'enterrarse.
El abogado tan grave
delante de un garrapata
..................................*
s'encierra como con llave,
le dice que nada sabe,
le nombra otro consultorio;
en un blanco lavatorio
se lava como Pilato,
después de bailar un rato
la danza de los demonios.
Y eso es poco, en esta fiebre
miremos al comerciante,
con su sonrisa galante
los pasan gatos por liebres,
aunque los cielos se quiebren.
Hay que decir la verdad
de tanta calamidad
por la que estamos pasando;
váyase, pues, consolando
con tanta mariconá'.
Nadie se ha muerto de amor
ni por cariño fingido,
ni por vivir sin marido,
ni por supuesta traición;
el mundo es una estación
con trenes de sinsabores,
con faltas muy superiores;
su pleito no es una queja,
gran pleito es quien despelleja
sin lástima a nuestros pobres.
Señora, yo la condeno
a l'alto de una patagua,
cinco días a pan y agua
durante todas sus horas;
las lágrimas que me llora
no tienen explicación,
denuncie con su furor
la farsa politicante,
no los suspiros galantes
ni las razones de amor.
* Pelos vistos falta no escrito original
Violeta Parra
Puxão de orelhas.
Depois de muitas reprimendas pelo mau uso da língua portuguesa o Sousita vai começar a escrever mais devagar e a rever o que escreve.
Basta!
Não me batam mais!
Juro que me vou emendar.
Canudo!
Basta!
Não me batam mais!
Juro que me vou emendar.
Canudo!
Estas são muito conhecidas...
Famous Last Words
Noo these windows are ok to lean on.
Don’t worry it has airbags.
Hey what’s that buzzing noise?
Don’t worry its not that deep.
One time at band camp.
No, he doesn’t bite?.
Hey look a light at the end of the tunnel.
I can pass this guy.
My brakes are fine.
Nice doggy.
I think it's trying to communicate...
"Homicidal Tendencies"?
Hey, you're Eminem, aren't you?
"Na, I don't think we need to go to the hospital."
"This 'telephone' has too many shortcomings to be seriously considered as a means of communication. The device is inherently of no value to us." -- Western Union internal memo, 1876.
"The wireless music box has no imaginable commercial value. Who would pay for a message sent to nobody in particular?" -- David Sarnoff's associates in response to his urgings for investment in the radio in the 1920s
"We don't like their sound, and guitar music is on the way out." -- Decca Recording Co. rejecting the Beatles, 1962.
"So we went to Atari and said, 'Hey, we've got this amazing thing, even built with some of your parts, and what do you think about funding us? Or we'll give it to you. We just want to do it. Pay our salary, we'll come work for you.' And they said, 'No.' So then we went to Hewlett-Packard, and they said, 'Hey, we don't need you. You haven't got through college yet.'" -- Apple Computer Inc. founder Steve Jobs on attempts to get Atari and H-P interested in his and Steve Wozniak's personal computer.
"Drill for oil? You mean drill into the ground to try and find oil? You're crazy." -- Drillers whom Edwin L. Drake tried to enlist in his project to drill for oil in 1859.
"No flying machine will ever fly from New York to Paris." -- Orville Wright.
"Airplanes are interesting toys but of no military value." -- Marechal Ferdinand Foch, Professor of Strategy, Ecole Superieure de Guerre.
"It's a dud! It's a dud! It's a du...".
"Don't touch the red button!"
Gee, that's a cute tattoo.
It's fireproof.
What does this button do?
So, you're a cannibal.
Are you sure the power is off?
Pull the pin and count to what?
Noo these windows are ok to lean on.
Don’t worry it has airbags.
Hey what’s that buzzing noise?
Don’t worry its not that deep.
One time at band camp.
No, he doesn’t bite?.
Hey look a light at the end of the tunnel.
I can pass this guy.
My brakes are fine.
Nice doggy.
I think it's trying to communicate...
"Homicidal Tendencies"?
Hey, you're Eminem, aren't you?
"Na, I don't think we need to go to the hospital."
"This 'telephone' has too many shortcomings to be seriously considered as a means of communication. The device is inherently of no value to us." -- Western Union internal memo, 1876.
"The wireless music box has no imaginable commercial value. Who would pay for a message sent to nobody in particular?" -- David Sarnoff's associates in response to his urgings for investment in the radio in the 1920s
"We don't like their sound, and guitar music is on the way out." -- Decca Recording Co. rejecting the Beatles, 1962.
"So we went to Atari and said, 'Hey, we've got this amazing thing, even built with some of your parts, and what do you think about funding us? Or we'll give it to you. We just want to do it. Pay our salary, we'll come work for you.' And they said, 'No.' So then we went to Hewlett-Packard, and they said, 'Hey, we don't need you. You haven't got through college yet.'" -- Apple Computer Inc. founder Steve Jobs on attempts to get Atari and H-P interested in his and Steve Wozniak's personal computer.
"Drill for oil? You mean drill into the ground to try and find oil? You're crazy." -- Drillers whom Edwin L. Drake tried to enlist in his project to drill for oil in 1859.
"No flying machine will ever fly from New York to Paris." -- Orville Wright.
"Airplanes are interesting toys but of no military value." -- Marechal Ferdinand Foch, Professor of Strategy, Ecole Superieure de Guerre.
"It's a dud! It's a dud! It's a du...".
"Don't touch the red button!"
Gee, that's a cute tattoo.
It's fireproof.
What does this button do?
So, you're a cannibal.
Are you sure the power is off?
Pull the pin and count to what?
sexta-feira, 5 de novembro de 2004
Agradecimento ao laboratórios
Porque tinha curado a muitos, de tal maneira que todos quantos tinham algum mal se arrojavam sobre ele, para lhe tocarem. (Marcos 3 : 10)
Foi assim com o benuron e o actifed.
Foi assim com o benuron e o actifed.
E um juiz poeta
Despacho de um Juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Paços de Ferreira
(....)
Requerimento de fls. 60:
Dava-lhe a terra e o céu
O que pudesse, Ainda mais ...
Dava-lhe tudo o que é meu
Riquezas. Coisas banais
Não me peça, todavia
Que altere a decisão
Tal fazer não poderia
Em modesta opinião
Mas há sempre uma maneira
De contentar descontente
Revogando o que é asneira
No recurso competente
De qualquer modo, esse ..
E por ser para quem é
Por penitência (que assumo)
Ofereço-lhe um café
Paços de Ferreira, d.s.....
(...)
Aos mandatários das partes, em jeito de desabafo:
Nem carne com tanto osso
Nem árvore com tanto galho
Digo-vos, sem querer ser grosso:
Vão escrever pr'a outro lado!
Notifique e dê cópias.
Paços de Ferreira, .....
(....)
Requerimento de fls. 60:
Dava-lhe a terra e o céu
O que pudesse, Ainda mais ...
Dava-lhe tudo o que é meu
Riquezas. Coisas banais
Não me peça, todavia
Que altere a decisão
Tal fazer não poderia
Em modesta opinião
Mas há sempre uma maneira
De contentar descontente
Revogando o que é asneira
No recurso competente
De qualquer modo, esse ..
E por ser para quem é
Por penitência (que assumo)
Ofereço-lhe um café
Paços de Ferreira, d.s.....
(...)
Aos mandatários das partes, em jeito de desabafo:
Nem carne com tanto osso
Nem árvore com tanto galho
Digo-vos, sem querer ser grosso:
Vão escrever pr'a outro lado!
Notifique e dê cópias.
Paços de Ferreira, .....
Dum divórcio, litigioso, é claro !
1º
Corresponde à verdade o, aliás, doutamente alegado no petitório pelo A.,nos
artºs nºs 1º, 2º, 6º, 17º, 18º, 19º e 22º.
2º
Falso, daí a impugnação, dos factos Vertidos nos artºs
3º,9º,10º,12º,13º,23º, 24º e 25º.
3º
A Ré, aqui alvo de acusações que além de graves tocam a parte mais intima da
vida do casal, poucas dúvidas tem que a génese e a ambiência familiar do A.
estão mais vocacionadas para o celibato que propriamente para o casamento.
4º
De facto e desde logo para haver DÉBITO - conjugal ou mesmo
contabilistico é preciso haver CRÉDITO.
5º
Na realidade, sob pena de se deixar a "conta a vermelho", antes de
DEBITAR, haverá que CREDITAR. Ora,
6º
O A. "creditava" pouco e mal.
7º
É que, sendo a R. uma mulher séria e honesta, que jamais se envolveu em
romances com outros homens, é também, por natureza uma mulher
inexperiente e tímida.
8º
Ora, foi esta inexperiência e timidez que o A. não quis ou não soube
explorar de forma a que a sua companheira "debitasse" em "fortote", ou
seja, muitas e variadas vezes.
9º
Se é certo que A. e R. sexualmente não Fossem um casal perfeito, não
deixa de ser menos verdade que, entre ambos se Praticou sexo, só que a
qualidade era de "refugo" e a quantidade de "racionamento".
10º
Verdade é que o A. e R., antes do casamento não tiveram qualquer relação de
cópula e que os beijos e caricias não eram o "prato do dia", mas se quanto à
primeira questão era uma condição imposta pela R. de levar a virgindade para
o casamento, os restantes ficavam-se a dever mais à inércia do A. que à
oponibilidade da Ré.
11º
Relativamente ao articulado sob o nº 9,a verdade é que o "garanhão"
indiciava, naquela noite, naõ ser muito conhecedor do terreno que "cobria",
e daí o adiamento.
12º
É verdade que, A. e R., procuraram melhores soluções sexuais com a ajuda de
terceiros, porém, a temática estava errada já que o A. partia do princípio
que a frieza era da R. não dando uma espiada ao estado do seu "aparelho".
13º
Quanto ao explanado no artº 11º da PI o mesmo não é condizente com a
verdade.
14º
De facto, A e R., tentaram e conseguiram manter relações sexuais só que as
mesmas - tentativas e consecuções - eram em número muito inferior à média
nacional, ou seja, era por parte do A. deficitário o contributo.
15º
A Ré ama o A., sempre lhe manifestou esse Amor e sempre o acarinhou;
16º
A Ré dedicou-se sempre ao A., acompanhando-o e fazendo tudo o que o mesmo
lhe solicitava em defesa do casamento, da felicidade e do lar.
17º
Só que o A., alegando a necessidade de isolamento, há cerca de 1 ano saiu de
casa pedindo à Ré paciência pois que voltaria quando se sentisse mais calmo,
relachado e, quiça, disposto a praticar lançamentos a "crédito".
18º
É por causa destes isolamentos por parte do A., que a "contabilidade"entre
ambos anda tão "atrasada", prevendo-se um eminente "estado de insolvência".
19º
A Ré aceita que advertiu o A. de que lhe não cozinharia, lavaria a roupa nem
a passaria a ferro, caso este, como pretendia e aconteceu de facto,saísse da
casa de família para se entregar ao isolamento no apartamento que
actualmente habita.
20º
Aliás, como é que a Ré poderá ter relações sexuais com o A. se este nem a
casa vem há cerca de um ano?
Termos em que a acção deve ser considerada não provada e improcedente.
O advogado,
Corresponde à verdade o, aliás, doutamente alegado no petitório pelo A.,nos
artºs nºs 1º, 2º, 6º, 17º, 18º, 19º e 22º.
2º
Falso, daí a impugnação, dos factos Vertidos nos artºs
3º,9º,10º,12º,13º,23º, 24º e 25º.
3º
A Ré, aqui alvo de acusações que além de graves tocam a parte mais intima da
vida do casal, poucas dúvidas tem que a génese e a ambiência familiar do A.
estão mais vocacionadas para o celibato que propriamente para o casamento.
4º
De facto e desde logo para haver DÉBITO - conjugal ou mesmo
contabilistico é preciso haver CRÉDITO.
5º
Na realidade, sob pena de se deixar a "conta a vermelho", antes de
DEBITAR, haverá que CREDITAR. Ora,
6º
O A. "creditava" pouco e mal.
7º
É que, sendo a R. uma mulher séria e honesta, que jamais se envolveu em
romances com outros homens, é também, por natureza uma mulher
inexperiente e tímida.
8º
Ora, foi esta inexperiência e timidez que o A. não quis ou não soube
explorar de forma a que a sua companheira "debitasse" em "fortote", ou
seja, muitas e variadas vezes.
9º
Se é certo que A. e R. sexualmente não Fossem um casal perfeito, não
deixa de ser menos verdade que, entre ambos se Praticou sexo, só que a
qualidade era de "refugo" e a quantidade de "racionamento".
10º
Verdade é que o A. e R., antes do casamento não tiveram qualquer relação de
cópula e que os beijos e caricias não eram o "prato do dia", mas se quanto à
primeira questão era uma condição imposta pela R. de levar a virgindade para
o casamento, os restantes ficavam-se a dever mais à inércia do A. que à
oponibilidade da Ré.
11º
Relativamente ao articulado sob o nº 9,a verdade é que o "garanhão"
indiciava, naquela noite, naõ ser muito conhecedor do terreno que "cobria",
e daí o adiamento.
12º
É verdade que, A. e R., procuraram melhores soluções sexuais com a ajuda de
terceiros, porém, a temática estava errada já que o A. partia do princípio
que a frieza era da R. não dando uma espiada ao estado do seu "aparelho".
13º
Quanto ao explanado no artº 11º da PI o mesmo não é condizente com a
verdade.
14º
De facto, A e R., tentaram e conseguiram manter relações sexuais só que as
mesmas - tentativas e consecuções - eram em número muito inferior à média
nacional, ou seja, era por parte do A. deficitário o contributo.
15º
A Ré ama o A., sempre lhe manifestou esse Amor e sempre o acarinhou;
16º
A Ré dedicou-se sempre ao A., acompanhando-o e fazendo tudo o que o mesmo
lhe solicitava em defesa do casamento, da felicidade e do lar.
17º
Só que o A., alegando a necessidade de isolamento, há cerca de 1 ano saiu de
casa pedindo à Ré paciência pois que voltaria quando se sentisse mais calmo,
relachado e, quiça, disposto a praticar lançamentos a "crédito".
18º
É por causa destes isolamentos por parte do A., que a "contabilidade"entre
ambos anda tão "atrasada", prevendo-se um eminente "estado de insolvência".
19º
A Ré aceita que advertiu o A. de que lhe não cozinharia, lavaria a roupa nem
a passaria a ferro, caso este, como pretendia e aconteceu de facto,saísse da
casa de família para se entregar ao isolamento no apartamento que
actualmente habita.
20º
Aliás, como é que a Ré poderá ter relações sexuais com o A. se este nem a
casa vem há cerca de um ano?
Termos em que a acção deve ser considerada não provada e improcedente.
O advogado,
Sobre o governo
Eu até sou suspeito porque o Santana Lopes parece-me um irresponsável, o Bagão um sacristas e o Durão um fujão.
E claro que não votei nestes gajos. No primeiro por vontade própria, no segundo porque S. Ex.a O Presidente da Republica não me deu hipóteses.
No entanto há coisas que devemos assinalar.
Não sei bem a quem pertence o mérito, mas o facto é que na actual legislatura mexeram-se em três tabus:
1. A lei do trabalho
2. A lei das rendas
3. despedimento de funcionários públicos.
É certo que nenhuma das mexidas foi radical. Tiveram, no entanto, o mérito de mexer em coisas - como a lei das rendas - que nem o falecido Professor (o de Santa Comba) se atreveu a mexer.
De facto se o intuito fosse só eleitoralista não era de mexer em nada disto. Podia congelar-se muita coisa até , pelo menos, às eleições.
E todos nós - desde o mais ortodoxo pêcê até ao mais bloquista de esquerda, passando pelos saudosistas do antigo regime - sabíamos que estas reformas eram necessárias. Faltaram foram os tomates para as fazer. Até ao General Cavaco.
Enfim in dubio pro reo !
Vamos lá a ver se depois das cagadas do ministério da educação, do caso do Professor (não o de Santa Comba), do túnel do Marquês , da fuga do P.M., dos erros de casting nos secretários de Estado, das pulhices à Ferreira Leite , etc. , etc......e etc. e mais etc. , e por aí fora, temos obra.
Queira Deus!
E claro que não votei nestes gajos. No primeiro por vontade própria, no segundo porque S. Ex.a O Presidente da Republica não me deu hipóteses.
No entanto há coisas que devemos assinalar.
Não sei bem a quem pertence o mérito, mas o facto é que na actual legislatura mexeram-se em três tabus:
1. A lei do trabalho
2. A lei das rendas
3. despedimento de funcionários públicos.
É certo que nenhuma das mexidas foi radical. Tiveram, no entanto, o mérito de mexer em coisas - como a lei das rendas - que nem o falecido Professor (o de Santa Comba) se atreveu a mexer.
De facto se o intuito fosse só eleitoralista não era de mexer em nada disto. Podia congelar-se muita coisa até , pelo menos, às eleições.
E todos nós - desde o mais ortodoxo pêcê até ao mais bloquista de esquerda, passando pelos saudosistas do antigo regime - sabíamos que estas reformas eram necessárias. Faltaram foram os tomates para as fazer. Até ao General Cavaco.
Enfim in dubio pro reo !
Vamos lá a ver se depois das cagadas do ministério da educação, do caso do Professor (não o de Santa Comba), do túnel do Marquês , da fuga do P.M., dos erros de casting nos secretários de Estado, das pulhices à Ferreira Leite , etc. , etc......e etc. e mais etc. , e por aí fora, temos obra.
Queira Deus!
quinta-feira, 4 de novembro de 2004
quarta-feira, 3 de novembro de 2004
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.
o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.
no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.
todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.
é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.
II
o grande filho-da-puta
também sem certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que já nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o grande filho-da-puta.
o grande
filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.
por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o grande filho-da-puta.
todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.
é o grande
filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o pequeno filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
o grande filho-da-puta vê
com bons olhos
a multipliccação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja, o grande filho-da-puta.
Alberto Pimenta
mais sobre germes e constipações
The Germ
A mighty creature is the germ,
Though smaller than a pachyderm.
His customary dwelling place
Is deep within the human race.
His childish pride he often pleases
By giving people strange diseases.
Do you, my poppet, feel infirm?
You probably contain a germ.
Ogden Nash
A mighty creature is the germ,
Though smaller than a pachyderm.
His customary dwelling place
Is deep within the human race.
His childish pride he often pleases
By giving people strange diseases.
Do you, my poppet, feel infirm?
You probably contain a germ.
Ogden Nash
terça-feira, 2 de novembro de 2004
Eu tomei Benuron. Dois....e chá de limão e actifed...
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
Álvaro de Campos
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
Álvaro de Campos
Porque hoje estou constipado
Pachos na testa
terço na mão
uma botija
chá de limão
zaragatoas
vinho com mel
três aspirinas
creme na pele
grito de medo
chamo a mulher
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer
mede-me a febre
olha-me a goela
cala os miúdos
fecha a janela
não quero canja
nem a salada
ai Lurdes Lurdes
não vales nada
se tu sonhasses
como me sinto
já vejo a morte
nunca te minto
já vejo o inferno
chamas diabos
anjos estranhos
cornos e rabos
vejo os demónios
nas suas danças
tigres sem listras
bodes de tranças
choros de coruja
risos de grilo
ai Lurdes Lurdes
que foi aquilo
não é chuva
no meu postigo
fica comigo
não é vento
a cirandar
nem são as vozes
que vêm do mar
não é o pingo
de uma torneira
põe-me a santinha
à cabeceira
compõe-me a colcha
fala ao prior
pousa o Jesus
no cobertor
chama o doutor
passa a chamada
ai Lurdes Lurdes
nem dás por nada
faz-me tisanas
e pão-de-ló
não te levantes
que fico só
aqui sózinho
a apodrecer
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer.
Lobo Antunes
terço na mão
uma botija
chá de limão
zaragatoas
vinho com mel
três aspirinas
creme na pele
grito de medo
chamo a mulher
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer
mede-me a febre
olha-me a goela
cala os miúdos
fecha a janela
não quero canja
nem a salada
ai Lurdes Lurdes
não vales nada
se tu sonhasses
como me sinto
já vejo a morte
nunca te minto
já vejo o inferno
chamas diabos
anjos estranhos
cornos e rabos
vejo os demónios
nas suas danças
tigres sem listras
bodes de tranças
choros de coruja
risos de grilo
ai Lurdes Lurdes
que foi aquilo
não é chuva
no meu postigo
fica comigo
não é vento
a cirandar
nem são as vozes
que vêm do mar
não é o pingo
de uma torneira
põe-me a santinha
à cabeceira
compõe-me a colcha
fala ao prior
pousa o Jesus
no cobertor
chama o doutor
passa a chamada
ai Lurdes Lurdes
nem dás por nada
faz-me tisanas
e pão-de-ló
não te levantes
que fico só
aqui sózinho
a apodrecer
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer.
Lobo Antunes
Do O'Neill depois de ver anúncios na TV
«Ó virgens que passais ao sol-poente»
com esses filhos-familia
pensai, primeiro, na mobilia,
que é mais prudente.
Sim, que essa qualidade,
tão bem reconstituída,
nem sempre, revirgens, há-de
proporcionar-vos a vida
que levais.
Se um tolo nunca vem só,
qundo não vem, não vem mais
ou vem, digamos, por dó...
E o dó dói como um soco,
até mesmo quando parte
de um tolo que a vossa arte
promoveu de tolo a louco.
Eu quando digo mobília,
digo lar, digo família
e aquela espiada fresta,
aberta, patente, honesta,
retrato oval da virtude,
consoladora do triste,
remanso, beatitude
para o colérico em riste.
Assim, sim, virgens sensatas!
(Nos telhados só as gatas...)
Pensai antes na mobília,
honestas mães de família,
e aceitai respeitos mil
do vosso
Alexandre O'Neill!
com esses filhos-familia
pensai, primeiro, na mobilia,
que é mais prudente.
Sim, que essa qualidade,
tão bem reconstituída,
nem sempre, revirgens, há-de
proporcionar-vos a vida
que levais.
Se um tolo nunca vem só,
qundo não vem, não vem mais
ou vem, digamos, por dó...
E o dó dói como um soco,
até mesmo quando parte
de um tolo que a vossa arte
promoveu de tolo a louco.
Eu quando digo mobília,
digo lar, digo família
e aquela espiada fresta,
aberta, patente, honesta,
retrato oval da virtude,
consoladora do triste,
remanso, beatitude
para o colérico em riste.
Assim, sim, virgens sensatas!
(Nos telhados só as gatas...)
Pensai antes na mobília,
honestas mães de família,
e aceitai respeitos mil
do vosso
Alexandre O'Neill!
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