Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

quarta-feira, 6 de julho de 2005

CCO

Um lema para Portugal


Os Portugueses são um povo fantástico. Dividimo-nos entre a admiração quase fanática, mas prudentemente póstuma, de figuras emblemáticas do dever ser. Cunhal e Salazar são os expoentes máximos do dever ser em Portugal. Depois de convenientemente mortos e enterrados são redescobertos e apontados como possuidores de todas as perfeições: coerência, honestidade, e rectidão. Há sempre uma frase do tipo : - diga-se o que se disser nunca se arranjaram.
É verdade. De rapinices e de ter contas escondidas nunca ninguém acusou o Prof. De Santa Comba ou o Álvaro Cunhal.
No entanto, e quando passamos às coisas práticas não são eles que nos devem representar. Parecem-nos mais aptos a dirigir uma autarquia o Major Valentim, o Isaltino, a Fátima Felgueiras ou mesmo o Zé do Telhado se fosse vivo.

Esta dicotomia entre o dever ser e aquilo que no fundo queremos ser marca a sociedade portuguesa transversalmente. Queríamos ser o Chico esperto e o austero ao mesmo tempo. Claro que não se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo.

Por estas e por outras é que o país é esta delicia.

Descobre-se que isto está mau. Ele é o défice, a produtividade, o desemprego.

- Ele há questões terríveis, como diria o personagem do Eça.

Perante estas questões terríveis há uma unanimidade nacional.

Os empresários, entre duas fugas ao fisco, uma falência fraudulenta e enquanto entregam uma remessa de t-shirst contra feitas, -das quais não pagaram o IVA, clamam por uma maior fiscalização das baixas fraudulentas e maior celeridade na constituição de novas empresas. No fundo exigem mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

Os trabalhadores, entre duas baixas fraudulentas, e entre uma ida ao centro de emprego para ver se se pode acumular o subsidiosito de desemprego com o rendimento mínimo, exigem um maior rigor no pagamento dos impostos e insistem em apontar as aldrabices que são feitas nos impostos. No fundo exigem mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

Os sindicalistas, no meio do calculo de dois subsídios comunitários a formação profissional que nunca se vai fazer, urram por uma maior fiscalização aos empresários e por maior rigor na aplicação das leis. No fundo exigem mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

O governo, enquanto manobra os números do défice para entregar em Bruxelas e arranja outro expediente para atrasar uns pagamentos a empresas e farmácias, clama por um maior rigor na despesa pública, uma mais equitativa cobrança de impostos e propõe-se acabar com as fraudes na segurança social. No fundo propõe mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

Os autarcas, enquanto escondem o saco azul atrás das costas e recebem uma prendazita dum empreiteiro, reclamam do governo a aplicação integral das leis, protecção para a sua zona e um maior rigor no uso dos dinheiros públicos. No fundo exigem mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

Os partidos comungam da opinião geral. Enquanto recebem dum autarca simpático um dinheirito para a campanha nacional, defendem o seu insigne colega que fez uma veniaga qualquer, em favor do partido, ululam por um maior rigor – que vão ter se forem governo – ou, no caso de serem oposição, que o governo deveria ter e não tem. No fundo exigem mais rigor, mais segurança e mais seriedade.

Ora assim sendo, e estando todos de acordo, porque não utilizarmos o lema :

CCO. Cegurança, Ceriedade e Onestidade

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