Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Era de noite. O primeiro-ministro reunia-se informalmente com alguns ministros e secretários de estado. Discutia-se futebol, as autárquicas e as vacarrices duma funcionária dum ministério. Bebia-se whisky.
- Também arranjaste cá uns cromos para candidatos -disse um dos ministros – aquilo parecia uma galeria de horrores.
- Não que as sugestões que vocês deram eram melhores. Disse o P.M. com ar zangado.
- O caso – resumiu outro ministro – é que a malta levou uma abada das antigas. E parece-me que a culpa não foi só dos candidatos mas da porra da vossa politica de contenções e cortes.
- pois é pá, se não gostas vai para a oposição, olha que isto está mau não há bago nem para mandar tocar um cego e não vejo maneira das coisas melhorarem, ele é o petróleo, a crise internacional, quando não há seca há inundações. Uma merda. – Lamentou-se o P.M.
- Pois é pá – disse um secretário de estado – não há guita para nada mas para ir para Aveiro de Falcon…
- Vê lá se queres ir para a fila do desemprego. Dá-se a esta malta um lugar no governo e já acham que são gente. Olha que demitir-te é tiro e queda e sempre quero ver se dessa idade e com as habilitações que tens alguém te dá emprego. Ias partir brita com as beiças do cu! – Disse o P.M. com cara de poucos amigos.

Um ministro mais conciliador juntou-se à conversa:
- Isto meus amigos está mau para o nosso lado. Não há bagalhoça, Bruxelas não se cala com a porcaria do défice e temos o país todo contra nós. Ou fazemos alguma coisa rapidamente ou vamos para a oposição.

- E sem chances de arranjar um taxito numa autarquia que estão todas no PSD – disse outro ministro – por vocês não sei mas eu tenho as minhas contitas para pagar e isto não me parece que tenha futuro nenhum. Alias já tive uns contactos engraçados no PSD e…..

- Corja de ingratos e filhos da puta – vociferou o primeiro – quando tive a maioria absoluta, que fui eu que a arranjei, andavam todos a lamber-me as botas por um lugarzito, agora que as coisas correm mal é tudo a dar de frosques e a ver se se piram.

- Ó primeiro –disse um ministro – também não é preciso abespinhares-te isto é JB a falar, eles até são teus amigos. Temos é que arranjar uma solução senão acabamos todos a vender pevides à porta do cemitério.

- Pois - perguntou o primeiro – e alguém tem uma solução ?

- Podíamos vender a Madeira – alvitrou um ministro – mas com o Alberto João lá ninguém compra.

- As reservas de ouro…..arriscou um secretário de estado.

- Pois vendíamos as reservas e tínhamos um tumulto nas ruas. Até o Sampaio nos dissolvia, e desta vez com ácido mesmo. – Reflectiu o PM

Há um silêncio na sala. O empregado serve mais uma rodada de whisky e traz mais gelo.

- Que porra – pergunta aflito o PM – ninguém tem nenhuma ideia? Cambada de incompetentes.

O empregado aproxima-se timidamente do P.M. e diz-lhe:

- Os snrs drs desculpem o meu atrevimento mas eu gostava de dar uma ideia, posso ?

-Venha ela – diz o PM.

Os ministros e secretários não escondem um certo ar de gozo.

- ora aí vai meus senhores: antigamente as notas de escudos eram feitas no banco de Portugal, não é verdade? Portanto ainda deve trabalhar lá muita gente que as sabe fazer. Deve haver o papel, as tintas e essas coisas todas, não é verdade?

- Ora quem faz escudos….faz euros. Vocês faziam notitas pequenas pagavam as contas, faziam umas aplicações e resolviam os problemas todos.

- Ora batatas – disse o ministro das finanças – o Banco Central Europeu em poucos meses e dar conta do excesso de morda em circulação e apanhava-nos num instante.

- O snr dr. Desculpe – continuou o empregado – mas aí é que bate o ponto. Vocês faziam as notitas, faziam umas obras públicas, davam uns subsídios e, é claro, ficavam com algumas para vocês num saco azul. Quando o alemão ou lá o que é do banco da Europa descobrisse vocês iam lá e confessavam. Levavam as matrizes e as máquinas de fazer as notas, destruíam-nas e juravam que nunca mais repetiam a graça. O gajo ficava entalado porque se isto viesse a publico era o descrédito do Euro. E a bagalhoça ficava cá.

Os ministros e o PM entreolham-se e dizem em coro: disparate e desonestidade!

Entra o presidente do Banco de Portugal, cumprimenta os ministros, pede um whisky e senta-se junto do P.M.

O P.M. a meia voz pergunta-lhe:

- Olha lá, isto só por curiosidade, aquele gajo o Silva gravador, o que fazia as notas de dez mil ainda trabalha lá no banco ?

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