Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

ónus da prova

Acerca da inversão do ónus da prova e do discurso do Sr. Presidente da Republica.


È claro que todos sabemos que há enriquecimentos súbitos, miraculosos e aparentemente sem razão. Isto acontece em todos os sectores da sociedade. Claro que os políticos, como figuras públicas, dão muito mais nas vistas pelo que quando nos lembramos destes casos as primeiras pessoas de que nos lembramos são os políticos. Políticos, que é bom não esquecer, directa ou indirectamente são eleitos por nós.

É relativamente fácil, na tradição de Eça, desancar os políticos, chamar-lhes choldra e ao país um local mal frequentado. Tem piada e até é verdade às vezes.

A ideia em si não é má. Um indivíduo aparece com sinais exteriores de riqueza, não os justifica e pimba pune-se. Pede-se informação aos bancos, fazem-se cruzamentos com as bases de dados das conservatórias, vigiam-se cartões de crédito e o pobre desgraçado é apanhado. Facílimo.

Pois é mas isto é muito bonito mas só se vai aplicar à classe média. Na prática a coisa funciona de modo muito diverso.

Vamos lá a ver. Um teso tem o dinheirito em bancos nacionais, o carro com matrícula portuguesa e a casita em seu nome. O cartão de crédito passa pela unicre. Está tudo registado. Não pode justificar os rendimentos e no mesmo dia lhe penhoram casa e carrro e contas bancárias e até os sapatos.

Agora os ricos agem de maneira diferente. Tem as casas em off-shore, os carros registados fora do país e contas e cartões de bancos estrangeiros. Basta investir o dinheirito fora do país e adeus minhas encomendas Os poucos trocados que cá tem, por exemplo uns míseros dois ou três milhões de Euros, também não são penhoráveis. Sabem porquê? Experimentem fazer um arrolamento a contas bancárias. Vão ter uma surpresa. Se o cliente é um teso o Tribunal notifica o banco e o pobre de Cristo tem a conta arrolada no mesmo dia. Nem ai nem ui. O sistema funciona.

Experimentem agora fazer o mesmo a um cliente que tenha massa mesmo. O banco nem responde ao tribunal e quando, notificado pela milésima vez e já multado na avultada quantia de 175 euros, informar o tribunal vai dizer que esse cliente não existe. Não tem conta. Se por acaso conseguirem uma cópia dum cheque dessa conta o banco, também à milésima notificação do tribunal e paga outra coima de 175 Euros, vai dizer que houve um lapso informático e que de facto a conta existiu mas só teve o movimento exacto do cheque cuja cópia se anexa. Junte-se outro cheque, o número do cartão de crédito e o banco responde que foi lapso do computador, que só havia esses cheques e que a conta já não tem dinheiro.

Assim para nós tesos isto vai funcionar. Qualquer divida que tenhamos ao fisco vai por em risco a nossa contita e estamos tramados. Os ricos vão continuar a rir-se e nós a pagarmos. Aliás como sempre foi e sempre assim será.

Assim o Sousita aconselha aos pobres tesos como eu que tem uma pequena poupança a safarem-na daqui o mais depressa possível. Colocar a notita em Espanha nem fica assim tão longe. Se estão a pensar em investir num apartamentos para alugar esqueçam. Invistam em fundos de acções e obrigações. São sedeadas fora do país e não pagam impostos…nem falam.


Vale a pena ir ao Abrupto sobre o assunto

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