Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Isto em termos práticos é mais ou menos assim:
A Europa tem sido o receptáculo de trabalhadores do terceiro mundo durante anos e anos. O crescimento económico que tínhamos a tal obrigava. Os Zé Ninguém de Portugal, do Magreb, da Turquia e de mais não sei quantos locais aportavam à Europa – na altura ainda alem Pirinéus – e trabalhando arduamente ganhavam uma guitas muito razoáveis com as quais voltavam para os países de origem e montavam um café que se chamava o Parisiano em Paços de Ferreira, ou um talho com o nome Bonn em Marraquexe, comprava uma boa casa nos padrões da merdaleja em que habitavam e eram felizes.
Nos países de acolhimento viviam para trabalhar e aforrando muito e trabalhando mais conseguiam uma quantia que era muito no seu pais de origem, sendo pouco no entanto no país onde trabalhavam. Pouco ligavam à educação dos filhos ou à sua integração porque na Europa nunca faltava trabalho para alguém que quisesse trabalhar. Era só querer. E de qualquer modo havia a segurança social.
Passou de pais para filhos a mensagem que se não quisessem voltar para a Merdaleja ou Al Merdah Leja podiam sempre ficar e trabalhar.
Claro que muitos já não se habituavam às berças pobres onde os antepassados tinham nascido e até já nem dominavam bem a língua. Como havia trabalho ia-se ficando.
Era natural que com o andar das gerações a nacionalidade deixasse de ser algo de meramente legal para ser algo de real.

No entanto o homem põe e Deus dispõe:

Resolvido o problema do comunismo com a queda do muro e o fim do socialismo real, ou lá que coisa era aquela, embandeiramos em arco. Alguns países de leste, ex-inimigos figadais passaram a aliados, entram na Nato e na U.E. Anuncia-se até o fim da história e o Pangloss urra que vivemos no melhor dos mundos.
Entretanto desarma-se as barreiras aduaneiras e deixamos entrar livremente produtos low cost. Como é óbvio as empresas mudam-se para onde a mão-de-obra é mais barata e o desemprego aumenta.
O Pangloss grita ainda pelo melhor dos mundos cheio de convicção.
O estado social é posto em causa: feitas as contas bem feitinhas é preciso cortar nas prestações sociais.
O Pangloss acrescenta que menos estado melhor estado.

Como resultado desta confusão toda temos o quê?

Uma enorme quantidade de jovens com poucas habilitações, e não só os filhos de emigrantes, afastados para todo o sempre do mercado de trabalho. Um conjunto enorme de ex operários nas casa dos quarenta e cinquenta sem emprego, sem perspectiva nenhuma de o terem e a verem as prestações sociais a diminuírem ou a acabarem.

É o terreno para uma revolução.

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