O Papa Bento XVI defendeu esta terça-feira que a solução para o problema da sida não passa pela distribuição de preservativos, horas antes de aterrar na capital dos Camarões para a sua primeira visita ao continente africano.
"Não se pode resolver (o problema da sida) com a distribuição de preservativos", disse o Papa aos jornalistas a bordo do avião da Alitália que o levará até Yaounde, nos Camarões. Acrescentou que, "pelo contrário, a sua utilização agrava o problema".
Ora isto não parece uma palermice sem importância.
Que o Papa, o Prof Karamba ou a Bruxa da Pontinha falem da eficácia duma galinha preta numa encruzilhada, na desinfestação psiquica pela H2O Benta ou que joguem os búzios ou cartas de tarot não me parece que venha grande mal ao mundo.
Quem quiser acreditar acredita e quem não quiser não acredita.
Agora quando a senhora D. Bruxa da Pontinha aconselha uma cliente a abandonar um tratamento médico porque a vai curar por artes de perlimpimpim ou S.S. Bento XVI aconselha os africanos a não usarem preservativo a coisa já não é inócua.
Para os clientes de um e doutra estes são grandes autoridades nas coisas do outro mundo e, certamente nas de cá, logo quando dizem que o preservativo é ineficaz ou que a diabética pode deixa de tomar insulina correm o risco de serem levados a sério.
Ora é este risco que até pode ser criminoso.
Nem o Prof Karamba, nem a sra. D.. Bruxa da Pontinha nem S.S. Bento XVI se devem pronunciar sobre estes assuntos. Até porque podem ser ouvidos e levados a sério.
Da mesma maneira que a pobre cliente da bruxa da Pontinha pode ter sérios problemas com a falta de insulina, alguns africanos mais ignorantes e crédulos, podem acreditar que o velhinho de saias quando diz que o preservativo não protege da SIDA sabe do que está a falar.
Toda a gente sabe que o método mais eficaz de protecção de doenças sexualmente transmissiveis é o preservativo. Se Sua santidade usa ou não usa é um problema dele e dos seu parceiros e parceiras. Agora, como figura pública que é, deveria abster-se de aconselhar os outros a práticas perigosas ou negligentes.
Mesmo que na intimidade da alcova S.S. se obstine em não usar preservativo, que toda a Cúria Romana não os use isso não deve ser alvo de publicidade.
Até porque as figuras públicas são inevitavelmente imitados.
O caso da cocaina e do Maradona foi um bom exemplo do caso. Ele foi mais criticado do que qualquer outra pessoa porque era um exemplo para jovens de todo o mundo.
Limitem-se S.S. Bento XVI e o Prof Karamba a darem, respectivamente, absolvições e esconjuros que ninguem os critica.
Não devem é incitar a comportamentos de risco.
1 comentário:
Boa tarde!
Em primeiro lugar venho agradecer-lhe pela correcção que colocou no blog onde escrevo, 100visão.
Em segundo lugar venho dar-lhe a minha opinião acerca do assunto que retrata. A posição da Igreja Católica em relação ao preservativo é clara. E a questão, a meu ver, que se deve colocar é: Porque razão o preservativo não é aceite?
Na minha humilde opinião isso acontece porque estamos a tratar de um tema importante: O papel da sexualidade na vida humana. E a questão do preservativo, em meu entender, deve ser olhada no prisma da possibilidade de criar uma vida. Quando temos um acto sexual não é só o acto sexual que temos. À uma relação que devemos ter em conta, e uma possível vida que pode ser originada. Quando se fala no preservativo ou na negação do seu uso podemos ver as coisas de vários pontos de vista. Agora, tendo relações sexuais devemos tê-las de uma forma protegida? Eu respondo: Sim. Mas, em meu entender, à uma questão que vem antes do acto sexual em si: Qual a melhor forma de viver a sexualidade?
Mais uma vez agradeço a atenção que teve ao corrigir o meu erro,
Samuel Chiquita
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