Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006


Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe!

Os contornos das tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista.

Cântico dos Cânticos

Biblia
The God Simulator

Have you ever wondered what it would be like to be God? Here’s your chance to find out.
This simulation puts you in the place of God. As God, you are both omnipotent and omniscient. You have the power to do or create anything. No problem is insurmountable for you.

By Chad Docterman

http://www.jraxis.com/atheism/simulator/
“Devemos respeitar a religião de nossos semelhantes, mas somente no sentido e no grau em que respeitamos sua teoria de que sua esposa é bonita e suas crianças inteligentes.”

Mencken

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

Sophia de Mello Breyner


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Florbela Espanca Posted by Picasa


O pudor
A teus dotes qual mais encantador
Tu ajuntas, amável criatura,
Um para mim de todos o maior,
E que até embeleza a formosura:
O pudor!

Safo
Tradução de João de Deus
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À amada
Ventura, que iguala aos deuses,
Em meu conceito, desfruta
Quem, junto de ti sentada,
As doces falas te escuta,
Goza teu mago sorrir.

Quando imagino em tal gosto
É minha alma um labirinto;
Expira-me a voz nos lábios;
Nas veias um fogo sinto;
Sinto os ouvidos zunir.

Gelado suor me inunda;
O corpo se me arrepia;
Fogem-me as cores do rosto,
Como ao vir da quadra fria
Entra a folha a desmaiar.

Respiro a custo, e já cuido
Que se esvai a doce vida!
Arrisquemo-nos a tudo...
Contra uma angústia insofrida
Tudo se deve tentar.

Safo
Tradução de Castilho
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Me contaron que
estabas enamorada de otro

Y entonces me
fui a mi cuarto

Y escribí ese
artículo contra
el gobierno

por el que estoy
preso.

Ernesto Cardenal Posted by Picasa



Recuerdo tantas
muchachas bellas
que han existido

Todas las bellazas
de Troya y las de Acava

Y las de Tebas y
de la Roma de propercio

Y muchas de ellas
dejaron pasar el amor,

Y murieron, y hace
siglos que no existen

Tú que eres bella
ahora en las calles de
Managua

Un día serás como ellas
de un tiempo lejano,

Cuando las gasolineras
sean ruinas románticas.

¡Acuérdate de las
bellezas de las
calles de Troya!

Ah tu despiada

Más cruel
que Tachito.

Ernesto Cardenal Posted by Picasa



Al perderte yo a ti
tú y yo hemos perdido:
yo porque tú eras
lo que yo más amaba
y tú porque yo era
el que te amaba más.

Pero de nosotros dos
tú pierdes más que yo:
porque yo podré amar
a otras como te amaba a ti
pero a ti no te amarán
como te amaba yo.

Ernesto Cardenal Posted by Picasa


Ayer te ví
viajabas con él
y extasiada como estabas
no volteaste el rostro
hacia mi

Victor Munguía Posted by Picasa


Señor
recibe a esta muchacha
conocida en toda la tierra con el
nombre de Marillyn Monroe
aunque ese no era su verdadero nombre
pero Tú conoces su verdadero nombre,
el de la huerfanita violada a los 9 años
y la empleadita de tienda que a los 16
se había querido matar
y que ahora se presenta ante Ti
sin ningún maquillaje
sin su Agente de Prensa
sin fotógrafos y sin firmar autógrafos
sola como un astronauta
frente a la noche espacial.

Ella soñó cuando niña
que estaba desnuda en una iglesia
(según cuenta el Time)
ante una multitud postrada,
con las cabezas en el suelo
y tenía que caminar en puntillas
para no pisar las cabezas.
Tú conoces nuestros sueños
mejor que los psiquiatras.

...


Ernesto Cardenal (Nicarágua) Posted by Picasa

Marilyn




Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos

Ruy Belo
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quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

LA CITA DEL SEÑOR

Un señor que va a morir esta tarde
a las 4 y 53 minutos cuando se cayó el ascensor
del edificio donde reside su cuñada Emérita Rondón viuda
de Arteaga, miope, costurera de oficio,
se ha detenido con su paraguas
al pasar bajo la sombra de un árbol
junto al muro de la acera.
¿Intuición? ¿Presentimiento? ¿Una especie
de revelación? ¿Se quedará allí
un minuto más de los debido
hasta ponerse fuera de peligro?
Me inclino a creer que no. La sombra pasa,
el reloj apura y al señor apenas le quedan en este instante
los catorce minutos justos, imprescindibles,
para, tomando un taxi, llegar en punto al ascensor. Y
de todos modos, dentro de dos minutos, a las 4 y 39
con cincuenta y dos segundos (GMT) un ómnibus de la ruta 27
se proyectará contra ese propio árbol de la meditación del señor,
causando la muerte a un menor con un aro
que pasaba por allí sin ninguna razón
y se detuvo a contemplar un paraguas olvidado junto al muro,
no mencionándose en los periódicos de la mañana
al reseñar el accidente, ningún otro hecho de importancia,
ni testigos junto al árbol que presenciaran el siniestro.
Sorprende que entretenido en disfrutar de su sombra
el señor (ya de cierta edad) no parece tener apuro. Incluso
acaba de determinar tomarse una cerveza al pasar por la taberna de 16 y 23.
Sin embargo,
¡cosa extraña en estos tiempos!, ahí está un taxi de repente
frenando con estrépito. Y más extraño aún,
el hombre del taxi (cuyo rostro no se divisa bien)
se ha desmontado con una gorra de almirante en la mano,
y abriendo la portezuela cortésmente
lo invita a subir.
Aunque el señor, como se dijo, le sobra el tiempo
y ha visto llegar el taxi como en un sueño
mientras pensaba con deleite en su cerveza,
distraído consulta la hora:
"¡Dios mío (se sorprende)… las y 39!"
y apresurado y misterioso,
como quien de repente recuerda algo,
olvidando su paraguas
entra el señor definitivo en el taxi
con una sonrisa muy blanca.




Rafael Alcides Pérez Rafael
Editorial Letras Cubanas, La Habana, 1993.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

De Pinochet nem uma frase, nem um dito, ficará para a posteridade.

Das vitimas fica algo para sempre.

Quem ganhou ?


Morreu Pinochet.

Não me regozijo com a morte de ninguém. Penso que não é de bom gosto comemorar a morte de ninguém. Nem mesmo do Pinochet

Teve no entanto o Sousa, por vias muito travessas acesso à chegada ás portas do paraíso do mesmo.
Foi a coisa assim, salvo algum pequeno exagero meu, o que é natural, dado que quem conto um conto acrescenta um ponto.

Na porta do céu está o santinho de serviço. Trauteia Te Recuerdo Amanda

Augusto Pinochet : -mau mau Maria!

Santinho: - Ora boas tardes. Nome, data do nascimento e número de bilhete de identidade.

A.P. : - Augusto José Ramón Pinochet Ugarte, nascido em Valparaíso a 25 de Novembro de 1915. Não trouxe o bilhete de identidade porque vim de repente sem contar…

S.: - É sempre assim. Vem todos de repente e depois a gente é que se lixa para descobrir quem são…se nos aviões antes daquilo cair os mandassem meter os documentos de identificação na boca e cerrar os dentes com força…isso é que era facilitar…pronto…já esta…na data e com este nome e no local só há um: Augusto Pinochet ditador reformado. É isto?

A.P.: Reformado é como o outro, agora ditador! Um pouco autoritário é certo mas daí a ditador vai um grande passo. Éramos uma democracia musculada. Isso sim.

S: - Ó filho isso não é comigo. Eu limito-me a meter os dados no computador e a imprimir o que lá vem. O resto é com os outros. Sou um mero administrativo. Pronto. Já está. Ès um Z543. Assim vais seguir pela porta que diz Z e no corredor procuras a porta 54. O número final é só de controlo para os gajos da informática. Não percas o papel porque isto normalmente é uma confusão aqui e tens que ir para a fila.

A.P.: - E, isto cá para nós, a porta e o corredor quer dizer alguma? Isto é, para cima ou para baixo? Compreende?

S.: - Isso não é comigo, eu estou só na recepção. A triagem é com os outros. Olha: posso adiantar que um Z quer dizer que vais mesmo falar com o Chefe. Em pessoa.

A.P: - Com Deus?

S.: Com quem havia de ser? Com a Marilyn ? Ou há outro Chefe?

A.P- Pois não…desculpe…

Lá vai O Pinochet para o corredor Z enquanto o santinho de serviço continua a cantarolar Me recuerdo Amanda…

Pinochet bate à porta do quarto e entra.

Lá dentro Deus espera por ele.

- Demoraste pá. E agora já não tens trangolomango nenhum. Olha que Eu não sou o Baltazar Garçon que vai em fitas de doenças…

- Deus me livre de mentir aqui.

- Que Eu te livre de quê? Bom. Vamos ao que interessa…Sabes quem Sou?

- Sim ! O Senhor, Deus de Israel.

- De Israel, da Palestina, da China, da lua, do sol e de todo, mas mesmo todo, o universo…ou sou parecido com o Sharon ?

- De facto…quer dizer…isto e´, pois! Com efeito!

- Então temos como hobby fazer golpes de estado, depor dirigentes eleitos democraticamente, matar e torturar opositores políticos, raptar criancinhas, mandar violar e roubar doces à tua prima durante a catequese. Há também aqui umas coisas que só dizem respeito à madame Pinochet mas essa quando chegar trata-te da saúde.

- Mas Senhor, Deus do universo, não fui só eu. Era uma época. Os americanos pressionaram-me. E aqueles gajos eram todos comunistas e ateus. Foi para maior Vossa Glória e proveito da Vossa Igreja, que tanto me ajudou que…

- Com que então o menino até nem queria. Os Americanos tentaram-no, os padres e bispos obrigaram-no e fê-lo por Minha causa…

- Assim foi Senhor.

- Ora vai vender banha da cobra para outro lado. Sabias bem o que estavas a fazer. Não sabias?

- Mas Senhor até nas orações que Vos fiz…

- Olha lá, por falar nisso, achas bem pedir-me em oração para matar o Allende ? E, além do mais, que história foi essa do meu Deus Tu…andamos porventura juntos na costura para me tratares por tu?

- Hábitos de espanhol, senhor, tratamos todos por tu…

- Bom, vá lá! Tens sorte dessa história do inferno ser invenção do homem, mas olha que gajos como tu tentam-me. Ai não se não tentam! Não fora Eu infinitamente bondoso e a coisa piava mais fino. Anda daí e canta comigo: Me recuerdo Amanda…

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Mais uma peça que o Sousa da Ponte vai indicar a origem, o porque e o como num futuro próximo.

Representa:

A Excelentíssima Câmara do Porto, José Pereira Sampaio Bruno e tem um bravo à dita Câmara.



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Esta tia do Sousa, como Sousa que era , era cá um borracho.

Francamente:

A Mémé não era linda?

E não resisto a mais um close –up

Não pela Mémé…mas pelo Teixeira Lopes…

Mentira…

Foi só pela Mémé.

Estejas tu onde estiveres….



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Esta tia do Sousa, como Sousa, era cá um borracho?

Francamente:

A Mémé não era linda?


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mais coias do Sousa...

Esta tia do Sousa:

Maria Amélia de Paula e Melo, foi a titi que fez o Sousita adormecer nas suas primeiras horas.

O Sousita chamava-lhe Mémé e, ela, era um doce.., e até uma artista. Mais tarde se vai ver.

Aqui está representada pelo tio Joaquim Meireles, mas está – indevidamente – assinada por Teixeira Lopes.

Valia mais na época e agora.

No fundo, o Joaquim Meireles, era um Sousa…

O Sousita dormia com a Mémé…quando ela era muito mais velha que a representada. Aqui teria treze ou catorze anos.

Quando O Sousita era sobrinho da Mémé, teria ela uns quarenta e tantos…

Bons tempos… tinha o Sousita seis sete…e tinha sempre um pequeno almoço SUPER !



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Recordações de Portugal.

A primeira página do primeiro Expresso.

O Sousita ainda brincava com carrinhos…mas sabia que:

- Nem tudo o que se diz cá em casa se pode dizer “ lá fora”

Lá fora era fora de casa…

- E, acrescentava, se perguntarem onde vamos à missa é cá (cá era em Miramar, em Sobrosa ou no Porto)

-e, estes livros não são para comentar…! (na altura nem entendia porquê)



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pormenor do cartaz anterior.

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Mais colecção do Sousa

Outro cartaz de propaganda do Partido Comunista Português,

Este, graças a Deus, com indicação do ano, tipografia, tiragem e autor do desenho.

Claro que estas peças não cabem no scanner e por isso a qualidade é péssima. Tenho de usar a maquina fotográfica.


Volto a afirmar que uma luz forte dum scanner poderia justificar-se se alguém tivesse interesse numa imagem perfeita.

Luzes assim lixam a tinta.

A conservação não é das melhores mas o Sousita resolve isso com facilidade. Uma moldura e, principalmente proteger da luz, humidade, calor e – principalmente - mãos fazem milagres.

As letrinhas pequeninas que não se conseguem ler dizem:

Gravura de J. Dias Coelho.
Assassinado pela PIDE em 19/12/61

INOVA/Porto 1000 EX – 8/974

Pelo que presumo que é de Agosto de 1974 e feito na INOVA, no Porto.



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mais paneleirices do Sousa

Sabonetes utilizados na Companhia Colonial de Navegação – CCN.
O ultimo, o amarelo, era da Línea C. Italiana salvo erro.
Também não cabem, nem me atreveria, a mete-los no scanner.
De facto é preciso ser muito Sousa da Ponte para incluir numa colecção sabonetes, inteiros e possivelmente em estado de utilização, e no papel original.

Na parte de trás do sabonete diz :

Fabricado em Portugal na Confiança Braga (nos que apenas tem a bandeira da CCN)

Fabricado em Portugal por : Marlha – Coimbra os que tem o barco estilizado.

Desconheço a data dos mesmo mas tem de ser entre 1950 e 1975

O da Línea C não diz nada.

Ahhh! Um pormenor:

Por mais incrível que pareça ainda tem cheiro.



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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

da colecção privada do Sousita

Uma gravura com autógrafo de Camilo Castelo Branco.

A qualidade das imagens é má porque estas peças não cabem no scanner.

Melhor sorte tem as fotografias que cabem.

Como algumas peças são muito antigas retirá-las da moldura e colocá-las no scanner representa, até pela luz forte do mesmo, um perigo para peça.

Não tem data nem dedicatória.



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coisas da colecção privada do Sousa

Cartaz de propaganda do Partido Comunista. 1974 ou 1975.
Não tem qualquer indicação de tipografia, data ou tiragem.
Está em razoável mau estado de conservação.
Nada que o Sousita não resolva.
Penso que a fotografia era a preto e branco para economizar: na altura imprimir a cores devia ser muito mais caro.

Quem serão as pin-up ?

Vivos? Mortos? No PSD ?


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Folheto publicado a favor das vitimas do incêndio do teatro Baquet no Porto.

Página final

Fac-simile de assinaturas , entre outros, de :

Rafael Bordalo Pinheiro, Alberto Pimentel e Magalhães Lima.




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Folheto publicado a favor das vitimas do incêndio do teatro Baquet no Porto.

Desenho de Sarah Bernhardt com texto de Ramalho Ortigão

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Folheto publicado a favor das vitimas do incêndio do teatro Baquet no Porto.

Página com o texto de Eça de Queirós

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O texto de Eça. Está incluído nas últimas Páginas:

Recentemente veio-nos às mãos o número único de uma publicação intitulada
LISBOA-PORTO, publicação essa feita pela imprensa de Lisboa em benefício das vítimas sobreviventes do incêndio do Teatro Baquet. Nele colaboraram os nomes mais brilhantes da época, como sejam, entre tantos outros: El-Rei D. Luís I, S. M. a Rainha D. Maria Pia, S.A. Real o Príncipe D. Carlos, S. A. R. D. Amélia, o Infante D. Afonso, Rafael Bordalo Pinheiro, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Coelho, Teófilo Braga, Henrique Lopes de Mendonça, Jaime Batalha Reis, Eça de Queiroz, etc., etc.

A propósito do incêndio do Teatro Baquet, no Porto, em 1888.

Assim devia ter sido nessa primeira desgraça do mundo. E assim é hoje, entre os homens, quando uma catástrofe, a terra que treme, um rio que submerge os campos, o chamejar de um vasto incêndio, nos dão o inesperado terror desta bruta e divina Natureza que nos contém, que é mãe e tutelar nutridora, e que bruscamente nos ataca com uma violência que nada discerne, e que, indiferentemente, cai sobre a fraqueza e sobre a arrogância, sobre o que já vai murchando e sobre o que ainda não floriu, sobre o monstro e sobre o santo.
Há então um ansioso aglomerar de gente, a mais oposta e mais vária, na mesma ideia – a ideia de fraternização, de unidade, de aliança contra a Natureza, senão já para debelar o desastre com que ela a todos podia esmagar, ao menos para minorar as curáveis misérias que o desastre a todos poderá estender. É este sentimento, este confuso medo de uma Natureza incerta e traiçoeira, que inspira, no fundo, as grandes correntes de piedade e de caridade.
Depois, está claro, volvido o rio ao seu leito, apagadas as labaredas, clareadas as ruínas e acalmada a Natureza, todos, já sem susto, se vão pouco a pouco desagregando, cada um volta ao seu interesse e ao ódio do seu vizinho – e o lobo recomeça a devorar o cordeiro. Mas, enfim, houve uma bela hora de harmonia, de fé partilhada, em que os corações bateram em ritmo, as vontades trabalharam em concordância – e da mesma emoção nasceu o mesmo heroísmo. Há, por isso, alguma coisa de nobre e de tocante em querer prolongar, mesmo artificialmente, este radiante momento de união moral. Eu, por mim, acho bom que ele se alargue, se exagere, ganhe até um começo de rotina e de
Os artistas da Renascença, quando pintavam o Dilúvio, nunca deixavam de mostrar, em evidência na tela, como alegoria e como lição, um cabeço de cerro – onde se amontoavam animais contrários, as feras e as presas, cordeiros e lobos, gazelas e tigres, os que assaltam e os que fogem, colados dorso a dorso, buscando um no outro refúgio, no pavor comum da maré negra que em torno sobe e os vai todos tragar... maneirismo. É um instante amável de paz que se rouba ao contínuo conflito humano! É como quando, num longo e áspero Inverno, rompe um dia de sol e doçura, em que tudo parece embelezar, uma bondade esparsa flutua, o céu azula a vida e os homens, sem motivo, sorriem quando se cruzam. Quem não desejaria espaçar este relance de suavidade e de luz?
Bem cedo voltará o vendaval e o negrume – e nos montes, como nas cidades, o lobo recomeçara a devorar o cordeiro.

Brístol, Abril de 1888.

Folheto publicado a favor das vitimas do incêndio do teatro Baquet no Porto.

Textss, entre outros, de :

Gervásio Lobato, Teofilo Braga r Ricardo Jorge.

Desenhos, entre outros, de :

Alfredo Guedes e Soares dos Reis


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Folheto publicado a favor das vitimas do incêndio do teatro Baquet no Porto.

Texto, no mesmo folheto, do Infante D. Afonso (Duque do Porto)


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