Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mas

Quando o papa chegar,

Sim

Quando o papa chegar,

Todos vão interromper

O que estão a fazer,

Todos querem ver o papa*

Conversar com os doentes.

Erguer as nádegas

para os devotos lhe meterem ex-votos na ranhura.

Apostar em publicanos e republicanos.

Justificar a força do uso com

a força da usura.

Rezar pela democracia em geral

e pelo cão polícia em particular.

Erguer a voz em maio para

curar quistos de abril.

Dar um peido

que brada aos céus.

E encaminhar assim as almas

por esta via sacra.

Porém

O papa

Limitar-se-á

A Clamar e proclamar que

O

paraiso


É o mais macio e absorvente de todos

(além disso apresenta-se desde agora em

modelos duplex com 900 folhas em todas

as gamas de cores do arco-íris e

um estojo da maior utilidade!)

O

paraiso



Ao seu alcance

(e poderá ainda receber um super b

ónus de 250 contos em ouro!)

DE MODO QUE DORAVANTE

PODEM POR BIZARRIA:

As autoridades apoiar a polícia em público

e o cão democrático em particular.

Os deputados correr o fecho-éclair

para fazer luz sobre o affaire.

Os investidores pedir luvas

para meter os dedos de môlho.

Os magistrados legislar acerca

dos cães e respectiva matéria.

Os militares erguer a voz para dizer que

a sua voz não se faz ouvir.

Os tecnocratas zelar por que tudo o que ainda

não é obrigatório o seja e não vice-versa.

Os psiquiatras encaminhar as almas para

o sétimo sono.

Os mestres distribuir coleiras novas

com a inscrição «tal qual».

Os escritores dar peidos

que empolgam a cidade.

Os funcionários públicos digerir tudo

porque têm dentes até ao cu.

Os sacerdotes referir-se às conquistas

de abril.

Os internados no manicómio construir

a bomba e explodir.

O que não podem,

O que doravante

Nenhum deles

Pode negar

É que o

paraiso





Ao seu alcouce

(e ainda poderá receber um super b

ónus de 250 contos em ouro!)

*Em espírito de profunda caridade pelas legítimas aspirações e valores autênticos da humanidade

Note bem:

Na concretização dum projecto tão grandioso como este, trabalhou-se arduamente durante cerca de 1 ano para conseguir chegar a uma produção digna do seu nome, com a tradicional qualidade dos nossos produtos e o inegável critério de perfeição que nos caracteriza.

«A Visita doPapa», de Alberto Pimenta, foi publicada pela primeira vez pela Editora & Etc em Maio de 1981.

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