UM RETRATO DA NOSSA ELITE DO PODER
Somem-se os nomes das Comissões de Honra de Soares e Cavaco, e dá mais de mil nomes, que são um retrato de quem manda em Portugal. Do establishment. Do "quem é quem". Somem-se mais meia dúzia de nomes, mais os militares no activo, juízes e embaixadores, alguns jornalistas, mais a hierarquia da Igreja, e está toda a nossa elite. Quem manda.
No abrupto (o blog do Pacheco Pereira) http://abrupto.blogspot.com/
O Sousita filosofa que no tempo da outra Senhora, v.g. fascismo, a coisa era mais simples: ou se era da situação ou do contra. Agora, com as eleições, é uma chatisse. Nunca se sabe quem ganha e podemos apostar no cavalo errado.
Qual será o certo?
Só Deus sabe. E Esse, desde os tempos de Moisés, não costuma aparecer por cá.
Vejam lá em quem apostam!
Olhem que ele há surpresas….
Ai que saudades dos tempos das eleições do Sr. Almirante….
Blog dum gajo do Porto acerca de gaijas, actualidade política e sem futebol. Aqui o marmelo não gosta de futebol
domingo, 30 de outubro de 2005
quinta-feira, 27 de outubro de 2005
Para qualquer pessoa que entre num tribunal há uma coisa que salta imediatamente à vista: aquilo não pode funcionar.
Das poucas vezes que entrei num tribunal o que vi: uma montanha de pessoas apinhadas entre montanhas de papeis dentro de gabinetes esconsos. A maior parte parece dedicar-se a coser folhas de papel. Nos corredores resmas de papeis atados com cordéis. Curiosito como é o Sousita vai lendo as capas: urgente, inquérito, confidencial….São documentos vários empilhados e atados com nós que só mesmo um funcionário judicial sabe dar. São muito úteis para nos sentar-mos em cima deles. Se recebermos um recado urgente do telemóvel tira-se uma folhita e dá para tirar notas.
Depois uma azáfama. Apinham-se as pessoas nos corredores. Os réus, os arguidos, as testemunhas, os advogados, juízes e mirones. É difícil distingui-los mas não impossível.
A pessoa que grita a plenos pulmões nomes e números do processo é geralmente funcionário do tribunal. Um tipo algemado a um polícia que nos pede um cigarro é, regra geral, arguido num processo. Os de farda azul são regra geral policias, Os de preto juízes, funcionários judiciais dum certo escalão ou advogados. Os outros são as chamadas partes ou testemunhas ou mirones. É preciso ter algum cuidado que no meio da aglomeração costuma andar um carteirista ou dois. Há sempre um sem número de crianças que correm, berram e jogam à pancada. Há máquinas de distribuição de bebidas avariadas e os quartos de banho são de fugir. Para grandes necessidades devem retirar-se previamente umas folhitas dos processos do corredor. Os processos tem o grande inconveniente de serem de papel duro e áspero mas garantem sempre alguma leitura.
Entretanto o tal funcionário vai gritando nomes e números do processo como se a sua vida dependesse disso. Não vale a pena fazer qualquer esforço para perceber se é connosco ou não porque o nosso advogado encarrega-se de dizer que estamos. Também qualquer tentativa de ser entendido naquela balbúrdia é inútil.
Nova gritaria, uma criança grita, uma mulher tem um flato, o gajo das algemas pede-nos outro cigarro e o polícia diz-lhe que ele já está a abusar.
No fim disto tudo o nosso advogado diz-nos que a coisa foi adiada para o próximo ano judicial.
Das poucas vezes que entrei num tribunal o que vi: uma montanha de pessoas apinhadas entre montanhas de papeis dentro de gabinetes esconsos. A maior parte parece dedicar-se a coser folhas de papel. Nos corredores resmas de papeis atados com cordéis. Curiosito como é o Sousita vai lendo as capas: urgente, inquérito, confidencial….São documentos vários empilhados e atados com nós que só mesmo um funcionário judicial sabe dar. São muito úteis para nos sentar-mos em cima deles. Se recebermos um recado urgente do telemóvel tira-se uma folhita e dá para tirar notas.
Depois uma azáfama. Apinham-se as pessoas nos corredores. Os réus, os arguidos, as testemunhas, os advogados, juízes e mirones. É difícil distingui-los mas não impossível.
A pessoa que grita a plenos pulmões nomes e números do processo é geralmente funcionário do tribunal. Um tipo algemado a um polícia que nos pede um cigarro é, regra geral, arguido num processo. Os de farda azul são regra geral policias, Os de preto juízes, funcionários judiciais dum certo escalão ou advogados. Os outros são as chamadas partes ou testemunhas ou mirones. É preciso ter algum cuidado que no meio da aglomeração costuma andar um carteirista ou dois. Há sempre um sem número de crianças que correm, berram e jogam à pancada. Há máquinas de distribuição de bebidas avariadas e os quartos de banho são de fugir. Para grandes necessidades devem retirar-se previamente umas folhitas dos processos do corredor. Os processos tem o grande inconveniente de serem de papel duro e áspero mas garantem sempre alguma leitura.
Entretanto o tal funcionário vai gritando nomes e números do processo como se a sua vida dependesse disso. Não vale a pena fazer qualquer esforço para perceber se é connosco ou não porque o nosso advogado encarrega-se de dizer que estamos. Também qualquer tentativa de ser entendido naquela balbúrdia é inútil.
Nova gritaria, uma criança grita, uma mulher tem um flato, o gajo das algemas pede-nos outro cigarro e o polícia diz-lhe que ele já está a abusar.
No fim disto tudo o nosso advogado diz-nos que a coisa foi adiada para o próximo ano judicial.
A greve dos tribunais preocupou os portugueses em geral e as pessoas que tiveram de ir hoje aos tribunais em vão em particular. O próprio ministro da justiça parece que teve uma grande crise de azia e o primeiro – ministro arrenegou pela milésima vez a escolha que fez de ser primeiro – ministro, os sindicalistas rejubilaram e o país contínua, graças a Deus.
Deu um certo gozo ao Sousita ver os juízes em greve. È uma situação inédita. Um órgão de soberania em greve é algo digno de se ver. Imaginemos os Srs. deputados em greve por aumento de salário, o Presidente da Republica em greve por não gostar dos candidatos que o possam vir a substituir ou o governo em greve contra a precariedade dos postos de trabalho. Tenhamos juízo e decoro. Eu não faço a mínima ideia se os juízes ou os membros do governo tem ou não direito a fazerem greve, mas se o tiverem só o deverão exercer quando estiverem em causa valores doutra grandeza. Há outras formas de protesto que dignificavam muito mais a sua posição.
Quanto aos atrasos e ao prejuízo que isto causou…adeus minhas encomendas. Se os tribunais fechassem três ou quatro meses e se mantivessem nos serviços mínimos acho que ninguém ia notar diferença nenhuma. Aquilo anda atrasado anos e anos…mais seis meses menos meio ano! Estou convencidíssimo que se os cuscas da comunicação social não metessem o bedelho e uma paragem dos tribunais não fosse tornada pública antes de um ano ou dois ninguém notava.
Agora se parassem dois anos é que aquilo andava para a frente. Prescrevia um porradal de processo, os ratos comiam outros e a coisa resolvia-se por si. Com um bocado de sorte, sem ninguém lá dentro para ver o início do fogo, ardia um tribunal ou dois e então é que era dar andamento ao serviço. Criava-se um carimbo a dizer: PROCESSO PERDIDO NO FOGO. Notificava-se, com dois ou três anos de atraso como convém, as partes e processo concluído.
O públicozito que reclamou também não ficou tão triste assim. Pediu a declaração que foi ao Tribunal e baldou-se ao trabalho toda a manhã…e aproveitou para ir às compras. Os mais afoitos nem lá puseram os pés e continuaram a dormir com a patroa. Como da próxima vez também vai ser adiado por outra razão qualquer é a garantia de mais uma manhã ou tarde que se vai ter livre. Chato é os juízes marcarem os julgamentos para as nove da manhã e só lá aparecerem pelas onze…mas sempre é uma manhã que não se faz nenhum.
Deu um certo gozo ao Sousita ver os juízes em greve. È uma situação inédita. Um órgão de soberania em greve é algo digno de se ver. Imaginemos os Srs. deputados em greve por aumento de salário, o Presidente da Republica em greve por não gostar dos candidatos que o possam vir a substituir ou o governo em greve contra a precariedade dos postos de trabalho. Tenhamos juízo e decoro. Eu não faço a mínima ideia se os juízes ou os membros do governo tem ou não direito a fazerem greve, mas se o tiverem só o deverão exercer quando estiverem em causa valores doutra grandeza. Há outras formas de protesto que dignificavam muito mais a sua posição.
Quanto aos atrasos e ao prejuízo que isto causou…adeus minhas encomendas. Se os tribunais fechassem três ou quatro meses e se mantivessem nos serviços mínimos acho que ninguém ia notar diferença nenhuma. Aquilo anda atrasado anos e anos…mais seis meses menos meio ano! Estou convencidíssimo que se os cuscas da comunicação social não metessem o bedelho e uma paragem dos tribunais não fosse tornada pública antes de um ano ou dois ninguém notava.
Agora se parassem dois anos é que aquilo andava para a frente. Prescrevia um porradal de processo, os ratos comiam outros e a coisa resolvia-se por si. Com um bocado de sorte, sem ninguém lá dentro para ver o início do fogo, ardia um tribunal ou dois e então é que era dar andamento ao serviço. Criava-se um carimbo a dizer: PROCESSO PERDIDO NO FOGO. Notificava-se, com dois ou três anos de atraso como convém, as partes e processo concluído.
O públicozito que reclamou também não ficou tão triste assim. Pediu a declaração que foi ao Tribunal e baldou-se ao trabalho toda a manhã…e aproveitou para ir às compras. Os mais afoitos nem lá puseram os pés e continuaram a dormir com a patroa. Como da próxima vez também vai ser adiado por outra razão qualquer é a garantia de mais uma manhã ou tarde que se vai ter livre. Chato é os juízes marcarem os julgamentos para as nove da manhã e só lá aparecerem pelas onze…mas sempre é uma manhã que não se faz nenhum.
quarta-feira, 26 de outubro de 2005
coisas do baú, sem data.
coisas do baú, sem data.
O Sousa da ponte
Creio nos anjos que andam pelo mundo
creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,
creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,
creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. amém.
Natália Correia
terça-feira, 25 de outubro de 2005
Nunca chegues atrasado!
O Padre Januário, recebia um jantar de homenagem pelos 25 anos de trabalho ininterrupto à frente de uma paróquia. Um político da região e membro da comunidade foi convidado para entregar o presente e proferir um pequeno discurso. Mas o político atrasou-se...
Como o político nunca mais chegava e como as pessoas começavam a impacientar-se, o sacerdote, decidiu então proferir algumas palavras:
- "A primeira impressão que tive da paróquia deve-se à primeira confissão que ouvi. Pensei que o Sr. Bispo me tinha enviado para um lugar terrível, pois a primeira pessoa que se confessou, disse que tinha roubado electrodomésticos, que tinha vendido droga, também tinha roubado a firma onde trabalhava, e pior ainda era pedófilo. "Fiquei assustadíssimo... Mas com o passar do tempo, entretanto, fui conhecendo mais gente que em nada se parecia com aquele homem... Tive a sorte de viver a realidade de uma paróquia cheia de gente responsável, com valores, comprometida com sua fé e desta maneira tenho vivido os 25 anos mais maravilhosos do meu sacerdócio".
Nesse preciso momento chega o político, e foi lhe dada a palavra para entregar o presente da comunidade, prestando a homenagem ao prior. Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso dizendo:
- "Nunca vou esquecer o dia em que o padre Januário chegou à nossa paróquia... Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a confessar-se .".
Moral da história: "NUNCA CHEGUES ATRASADO".
Como o político nunca mais chegava e como as pessoas começavam a impacientar-se, o sacerdote, decidiu então proferir algumas palavras:
- "A primeira impressão que tive da paróquia deve-se à primeira confissão que ouvi. Pensei que o Sr. Bispo me tinha enviado para um lugar terrível, pois a primeira pessoa que se confessou, disse que tinha roubado electrodomésticos, que tinha vendido droga, também tinha roubado a firma onde trabalhava, e pior ainda era pedófilo. "Fiquei assustadíssimo... Mas com o passar do tempo, entretanto, fui conhecendo mais gente que em nada se parecia com aquele homem... Tive a sorte de viver a realidade de uma paróquia cheia de gente responsável, com valores, comprometida com sua fé e desta maneira tenho vivido os 25 anos mais maravilhosos do meu sacerdócio".
Nesse preciso momento chega o político, e foi lhe dada a palavra para entregar o presente da comunidade, prestando a homenagem ao prior. Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso dizendo:
- "Nunca vou esquecer o dia em que o padre Januário chegou à nossa paróquia... Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a confessar-se .".
Moral da história: "NUNCA CHEGUES ATRASADO".
domingo, 23 de outubro de 2005
bauzisses. Sem data. Fotografia. Anos 50 ?
O Sousa da ponte
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, qusndo é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando Pessoa
Baú.
O Sousa da ponte
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Mais baú sem data.
mais baú. Sem data. Origem Paris ?
sábado, 22 de outubro de 2005
quinta-feira, 20 de outubro de 2005
O dicionário de língua portuguesa define paraíso como vindo do Latim . paradisu paradisu que passa em grego a parádeisos em Hebreu pardês e em Persa paridaeza, recinto circular. Mais no informa que é um substantivo masculino e que é lugar de delícias, onde, segundo a Bíblia, Deus colocou Adão e Eva, a
morada dos anjos e bem-aventurados, Céu ; éden; bem-aventurança.
Figurativamente é um., sítio aprazível.
A enciclopédia britânica define paradise como :
in religion, a place of exceptional happiness and delight.
É portanto natural que os proprietários de almas busquem activamente este local aprazível, de delícias onde há uma excepcional felicidade e deleite.
O paraíso das almas é incerto. Todas as religiões o publicitam mas a verdade verdadinha é que ainda ninguém o viu. Crê-se que sim, há indicações vagas, uns e outros dizem que já o vislumbraram mas a verdade é que não se conhecem muitos pormenores do seu interior nem sequer das condições de admissão.
Não sendo pacifica a sua existência e muito menos as condições necessárias à admissão é verdade que se fosse possível demonstrar a sua existência só um tolo não quereria entrar e não fruir das delicias, da felicidade e do deleite … e por toda a eternidade.
Ora se nós humanos buscamos o paraíso, mesmo sem uma certeza absoluta da sua existência, como podemos negar às pobres das notas o direito a emigrarem para um paraíso, esse sim mais que demonstrável com telefone na lista e tudo?
Que direito temos de negar às pobres das notas de dólar, de euro, de iene, aos francos suíços, às libras Inglesas e a tantas outras a bem aventurança certa num paraíso fiscal?
É duma falta de piedade elementar.
morada dos anjos e bem-aventurados, Céu ; éden; bem-aventurança.
Figurativamente é um., sítio aprazível.
A enciclopédia britânica define paradise como :
in religion, a place of exceptional happiness and delight.
É portanto natural que os proprietários de almas busquem activamente este local aprazível, de delícias onde há uma excepcional felicidade e deleite.
O paraíso das almas é incerto. Todas as religiões o publicitam mas a verdade verdadinha é que ainda ninguém o viu. Crê-se que sim, há indicações vagas, uns e outros dizem que já o vislumbraram mas a verdade é que não se conhecem muitos pormenores do seu interior nem sequer das condições de admissão.
Não sendo pacifica a sua existência e muito menos as condições necessárias à admissão é verdade que se fosse possível demonstrar a sua existência só um tolo não quereria entrar e não fruir das delicias, da felicidade e do deleite … e por toda a eternidade.
Ora se nós humanos buscamos o paraíso, mesmo sem uma certeza absoluta da sua existência, como podemos negar às pobres das notas o direito a emigrarem para um paraíso, esse sim mais que demonstrável com telefone na lista e tudo?
Que direito temos de negar às pobres das notas de dólar, de euro, de iene, aos francos suíços, às libras Inglesas e a tantas outras a bem aventurança certa num paraíso fiscal?
É duma falta de piedade elementar.
quarta-feira, 19 de outubro de 2005
Mais baú, Camões, saudades do império e scanner
Chico Buarque, o baú do Sousa, o scanner e algumas saudades do império
É uma porta cubana contemporânea. Espero que nesta altura o seu livro já esteja editado.
NAUFRAGIOS
Sigo naufraga
dibujándome cada mañana
en las botellas que lancé al mar
para que conquistadores
con pintas niñas santamarías
rescatasen esos vestigios de barco hundido
(maderos cansados de humedad).
Sigo naufraga
sin cabras que me hagan compañía
sin inventarme un nativo
un perro una cabaña.
Sigo perdiéndome en estas olas
o en este poco de sal
que lloran mis ojos
cada día
cuando me descubro naufraga
en un islote cualquiera
lanzando botellas al mar.
Mirta Suquet Martínez
Sigo naufraga
dibujándome cada mañana
en las botellas que lancé al mar
para que conquistadores
con pintas niñas santamarías
rescatasen esos vestigios de barco hundido
(maderos cansados de humedad).
Sigo naufraga
sin cabras que me hagan compañía
sin inventarme un nativo
un perro una cabaña.
Sigo perdiéndome en estas olas
o en este poco de sal
que lloran mis ojos
cada día
cuando me descubro naufraga
en un islote cualquiera
lanzando botellas al mar.
Mirta Suquet Martínez
A propósito da gata da janus
O Sousa da ponte
Como dar um comprimido a um gato:
1. Pegue no gatinho e aninhe-o no seu braço esquerdo como se segurasse um bebé. Coloque o indicador e o polegar da mão direita nos dois lados da boquinha do bichano e aplique uma suave pressão nas bochechas enquanto segura o comprimido na palma da mão. Quando o amorzinho abrir a boca atire o comprimido lá para dentro. Deixe-o fechar a boquita e engolir.
2. Recupere o comprimido do chão e o gato de detrás do sofá. Aninhe o gato no braço esquerdo e repita o processo.
3. Vá buscar o gato ao quarto e deite fora o comprimido meio desfeito.
4. Retire um novo comprimido da embalagem, aninhe o gato no seu braço enquanto lhe segura firmemente as patas traseiras com a mão esquerda. Obrigue o gato a abrir as mandíbulas e empurre o comprimido com o indicador direito até ao fundo da boca. Mantenha a boca do gato fechada enquanto conta até dez.
5. Recupere o comprimido de dentro do aquário e o gato de cima do guarda-fatos. Chame a sua esposa do jardim.
6. Ajoelhe-se no chão com o gato firmemente preso entre os joelhos, segure as patas da frente e de trás. Ignore os rosnados baixos emitidos pelo gato. Peça à sua esposa que segure firmemente a cabeça do gato com uma mão enquanto força a ponta de uma régua para dentro da boca do gato com a outra. Deixe cair o comprimindo ao longo da régua e esfregue vigorosamente o pescoço do gato.
7. Vá buscar o gato ao suporte do cortinado e retire outro comprimido da embalagem. Tome nota para comprar outra régua e reparar as cortinas. Cuidadosamente varra os cacos das estatuetas e dos vasos do meio da terra e guarde-os para colar mais tarde.
8. Enrole o gato numa toalha grande e peça à sua esposa para se deitar por cima de forma a que apenas a cabeça do gato apareça por debaixo do sovaco. Coloque o comprimido na ponta de uma palhinha de beber, obrigue o gato a abrir a boca e mantenha-a aberta com um lápis. Assopre o comprimido da palhinha para dentro da boca do gato.
9. Leia a literatura inclusa na embalagem para verificar se o comprimido faz mal a humanos, beba uma cerveja para retirar o gosto da boca. Faça um curativo no antebraço da sua esposa e remova as manchas de sangue da carpete com o auxílio de água fria e sabão.
10. Retire o gato do barracão do vizinho. Vá buscar outro comprimido. Abra outra cerveja. Coloque o gato dentro do armário e feche a porta até ao pescoço de forma a que apenas a cabeça fique de fora. Force a abertura da boca do gato com uma colher de sobremesa. Utilize um elástico como fisga para atirar o comprimido pela garganta do gato abaixo.
11. Vá buscar uma chave de fendas à garagem e coloque a porta do armário de novo nos eixos. Beba a cerveja. Vá buscar uma garrafa de whisky. Encha um copo e beba. Aplique uma compressa fria na bochecha e verifique a data de quando apanhou a última vacina contra o tétano. Aplique compressas de whisky na bochecha para desinfectar. Beba mais um copo. Atire a T-Shirt fora e vá buscar uma nova ao quarto.
12. Telefone aos bombeiros para virem retirar o cabrão do gato de cima da árvore do outro lado da rua. Peça desculpa ao vizinho que se estampou contra a vedação enquanto tentava desviar-se do gato em fuga. Retire o último comprimido de dentro da embalagem.
13. Amarre as patas da frente às patas de trás do filho da puta do gato, com a mangueira do jardim e de seguida prenda firmemente à perna da mesa da sala de jantar. Vá buscar as luvas de couro para trabalhos à garagem. Empurre o comprimido para dentro da boca da besta seguido de um grande pedaço de carne. Seja suficientemente bruto, segure a cabeça do corno na vertical e despeje-lhe um litro de água pela goela abaixo para que o comprimido desça.
14. Beba o restante whisky. Peça à sua esposa que o conduza às emergências e sente-se muito quieto enquanto o médico lhe cose os dedos, o antebraço e lhe remove os restos do comprimido de dentro do seu olho direito. A caminho de casa contacte a loja das mobílias para encomendar uma nova mesa de jantar.
15. Trate de tudo para que a protectora dos animais venha buscar o cabrão do gato mutante fugido do inferno. Telefone para a loja dos animais e pergunte se têm tartaruguinhas.
Mistura-se o baú do Sousa, o scanner e o Drummond de Andrade e sai uma coisa assim
O Sousa da ponte
No corpo feminino, esse retiro
- a doce bunda - é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro,
Pois tanto mais a apalpo quanto a miro.
Que tanto mais a quero, se me firo
Em unhas protestantes, a respiro
A brisa dos planetas, no seu giro
Lento, violento... Então, se ponho tiro
A mão em concha - a mão, sábio papiro,
Iluminando o gozo, qual lampiro.
Ou se, dessedentado, já me estiro,
Me penso, me restauro, me confiro,
O sentimento da morte ei que adquiro:
De rola, a bunda torna-se vampiro
Mistura-se o baú do Sousa, o scanner e o Camões e sai isto.
O caso dos bancos que apareceu hoje nos telejornais é fantástico. Basicamente, e pelo que foi dito, o banco com sede em Portugal onde deveria pagar alguns impostos afecta uns lucros a uma zona franca, neste caso a Madeira, e poupa uns trocos. A massaroca volta, pelos vistos, para um saco azul.
A parte caricata da coisa é que a zona franca da Madeira não foi inventada por uma qualquer associação de malfeitores que se apoderou à força duma parte da pérola do atlântico e, armados até aos dentes, declararam ao poder instituído e democraticamente eleito: “aqui não se paga impostos e prontos !”
É claro que se a zona franca tivesse sido feita pela tal associação de malfeitores era de facto reprovável, pelo menos no plano moral, que uma empresa idónea se aproveitasse do facto para obter lucros.
O problema é que não foi assim a zona franca foi feita pelo governo, com a assinatura dum primeiro-ministro, com o aval dos ministros e dum presidente da república que decidiu que na zona tal e tal do território nacional as empresas lá sedeadas não pagavam impostos. Para tal necessitavam de ter uma caixa do correio para receber correspondência e podiam deixar de pagar impostos por terem a tal caixa do correio e que tal prática – como qualquer lei ou decreto-lei – era conforme à moral, aos bons costumes, à constituição e à vontade do senhor primeiro-ministro.
Agora abespinham-se todos que os bancos a usem!
No caso presente parece que abusaram foi das benesses. Devem ter feito alguma que brada aos céus para a judiciária lá ter ido e apanhado provas. O administrador responsável e o tipo da informática deviam estar de férias e é o que dá!
Não vamos sequer discutir o resultado do processo. Sabemos todos assim como a judiciária, o juiz do processo, o vendedor de rifas que pára em Sampaio Bruno e até o Prof. Rebelo de Sousa que o resultado esperado será:
Se a coisa foi só mal feita, rasgando-se uns documentos, adulterando-se um dados do computador e sonegando umas informaçõezitas ao juiz, serão todos absolvidos ou nem se chega a julgamento.
Se a coisa foi mesmo muito mal feita e infringiram todas as normas e é de caras, mesmo para um estudante do primeiro ano de direito com duas cadeiras por fazer, que a coisa tipifica um porradal de crimes, maiores e menores, e que as provas são avassaladoras vai ter que se optar por umas penas suspensas a uns pobres desgraçados que não tiveram nadinha a ver com aquilo e uma pena exemplar para um ainda mais desgraçado que nem sabia onde era a Madeira quanto mais a zona franca e que teve a amabilidade de morrer antes da conclusão do processo. Bem feita a coisa chega-se à prescrição.
De qualquer modo o principio geral da punição não me parece muito moral, no entanto, como Deus escreve direito por linhas tortas, pelo menos em Portugal, o nosso sistema judicial vai repor a ordem moral arranjando uma trapalhada tamanha e fazendo tanta asneira que ninguém vai ser punido nem se vai chegar a conclusão nenhuma.
A parte caricata da coisa é que a zona franca da Madeira não foi inventada por uma qualquer associação de malfeitores que se apoderou à força duma parte da pérola do atlântico e, armados até aos dentes, declararam ao poder instituído e democraticamente eleito: “aqui não se paga impostos e prontos !”
É claro que se a zona franca tivesse sido feita pela tal associação de malfeitores era de facto reprovável, pelo menos no plano moral, que uma empresa idónea se aproveitasse do facto para obter lucros.
O problema é que não foi assim a zona franca foi feita pelo governo, com a assinatura dum primeiro-ministro, com o aval dos ministros e dum presidente da república que decidiu que na zona tal e tal do território nacional as empresas lá sedeadas não pagavam impostos. Para tal necessitavam de ter uma caixa do correio para receber correspondência e podiam deixar de pagar impostos por terem a tal caixa do correio e que tal prática – como qualquer lei ou decreto-lei – era conforme à moral, aos bons costumes, à constituição e à vontade do senhor primeiro-ministro.
Agora abespinham-se todos que os bancos a usem!
No caso presente parece que abusaram foi das benesses. Devem ter feito alguma que brada aos céus para a judiciária lá ter ido e apanhado provas. O administrador responsável e o tipo da informática deviam estar de férias e é o que dá!
Não vamos sequer discutir o resultado do processo. Sabemos todos assim como a judiciária, o juiz do processo, o vendedor de rifas que pára em Sampaio Bruno e até o Prof. Rebelo de Sousa que o resultado esperado será:
Se a coisa foi só mal feita, rasgando-se uns documentos, adulterando-se um dados do computador e sonegando umas informaçõezitas ao juiz, serão todos absolvidos ou nem se chega a julgamento.
Se a coisa foi mesmo muito mal feita e infringiram todas as normas e é de caras, mesmo para um estudante do primeiro ano de direito com duas cadeiras por fazer, que a coisa tipifica um porradal de crimes, maiores e menores, e que as provas são avassaladoras vai ter que se optar por umas penas suspensas a uns pobres desgraçados que não tiveram nadinha a ver com aquilo e uma pena exemplar para um ainda mais desgraçado que nem sabia onde era a Madeira quanto mais a zona franca e que teve a amabilidade de morrer antes da conclusão do processo. Bem feita a coisa chega-se à prescrição.
De qualquer modo o principio geral da punição não me parece muito moral, no entanto, como Deus escreve direito por linhas tortas, pelo menos em Portugal, o nosso sistema judicial vai repor a ordem moral arranjando uma trapalhada tamanha e fazendo tanta asneira que ninguém vai ser punido nem se vai chegar a conclusão nenhuma.
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
Era de noite. O primeiro-ministro reunia-se informalmente com alguns ministros e secretários de estado. Discutia-se futebol, as autárquicas e as vacarrices duma funcionária dum ministério. Bebia-se whisky.
- Também arranjaste cá uns cromos para candidatos -disse um dos ministros – aquilo parecia uma galeria de horrores.
- Não que as sugestões que vocês deram eram melhores. Disse o P.M. com ar zangado.
- O caso – resumiu outro ministro – é que a malta levou uma abada das antigas. E parece-me que a culpa não foi só dos candidatos mas da porra da vossa politica de contenções e cortes.
- pois é pá, se não gostas vai para a oposição, olha que isto está mau não há bago nem para mandar tocar um cego e não vejo maneira das coisas melhorarem, ele é o petróleo, a crise internacional, quando não há seca há inundações. Uma merda. – Lamentou-se o P.M.
- Pois é pá – disse um secretário de estado – não há guita para nada mas para ir para Aveiro de Falcon…
- Vê lá se queres ir para a fila do desemprego. Dá-se a esta malta um lugar no governo e já acham que são gente. Olha que demitir-te é tiro e queda e sempre quero ver se dessa idade e com as habilitações que tens alguém te dá emprego. Ias partir brita com as beiças do cu! – Disse o P.M. com cara de poucos amigos.
Um ministro mais conciliador juntou-se à conversa:
- Isto meus amigos está mau para o nosso lado. Não há bagalhoça, Bruxelas não se cala com a porcaria do défice e temos o país todo contra nós. Ou fazemos alguma coisa rapidamente ou vamos para a oposição.
- E sem chances de arranjar um taxito numa autarquia que estão todas no PSD – disse outro ministro – por vocês não sei mas eu tenho as minhas contitas para pagar e isto não me parece que tenha futuro nenhum. Alias já tive uns contactos engraçados no PSD e…..
- Corja de ingratos e filhos da puta – vociferou o primeiro – quando tive a maioria absoluta, que fui eu que a arranjei, andavam todos a lamber-me as botas por um lugarzito, agora que as coisas correm mal é tudo a dar de frosques e a ver se se piram.
- Ó primeiro –disse um ministro – também não é preciso abespinhares-te isto é JB a falar, eles até são teus amigos. Temos é que arranjar uma solução senão acabamos todos a vender pevides à porta do cemitério.
- Pois - perguntou o primeiro – e alguém tem uma solução ?
- Podíamos vender a Madeira – alvitrou um ministro – mas com o Alberto João lá ninguém compra.
- As reservas de ouro…..arriscou um secretário de estado.
- Pois vendíamos as reservas e tínhamos um tumulto nas ruas. Até o Sampaio nos dissolvia, e desta vez com ácido mesmo. – Reflectiu o PM
Há um silêncio na sala. O empregado serve mais uma rodada de whisky e traz mais gelo.
- Que porra – pergunta aflito o PM – ninguém tem nenhuma ideia? Cambada de incompetentes.
O empregado aproxima-se timidamente do P.M. e diz-lhe:
- Os snrs drs desculpem o meu atrevimento mas eu gostava de dar uma ideia, posso ?
-Venha ela – diz o PM.
Os ministros e secretários não escondem um certo ar de gozo.
- ora aí vai meus senhores: antigamente as notas de escudos eram feitas no banco de Portugal, não é verdade? Portanto ainda deve trabalhar lá muita gente que as sabe fazer. Deve haver o papel, as tintas e essas coisas todas, não é verdade?
- Ora quem faz escudos….faz euros. Vocês faziam notitas pequenas pagavam as contas, faziam umas aplicações e resolviam os problemas todos.
- Ora batatas – disse o ministro das finanças – o Banco Central Europeu em poucos meses e dar conta do excesso de morda em circulação e apanhava-nos num instante.
- O snr dr. Desculpe – continuou o empregado – mas aí é que bate o ponto. Vocês faziam as notitas, faziam umas obras públicas, davam uns subsídios e, é claro, ficavam com algumas para vocês num saco azul. Quando o alemão ou lá o que é do banco da Europa descobrisse vocês iam lá e confessavam. Levavam as matrizes e as máquinas de fazer as notas, destruíam-nas e juravam que nunca mais repetiam a graça. O gajo ficava entalado porque se isto viesse a publico era o descrédito do Euro. E a bagalhoça ficava cá.
Os ministros e o PM entreolham-se e dizem em coro: disparate e desonestidade!
Entra o presidente do Banco de Portugal, cumprimenta os ministros, pede um whisky e senta-se junto do P.M.
O P.M. a meia voz pergunta-lhe:
- Olha lá, isto só por curiosidade, aquele gajo o Silva gravador, o que fazia as notas de dez mil ainda trabalha lá no banco ?
- Também arranjaste cá uns cromos para candidatos -disse um dos ministros – aquilo parecia uma galeria de horrores.
- Não que as sugestões que vocês deram eram melhores. Disse o P.M. com ar zangado.
- O caso – resumiu outro ministro – é que a malta levou uma abada das antigas. E parece-me que a culpa não foi só dos candidatos mas da porra da vossa politica de contenções e cortes.
- pois é pá, se não gostas vai para a oposição, olha que isto está mau não há bago nem para mandar tocar um cego e não vejo maneira das coisas melhorarem, ele é o petróleo, a crise internacional, quando não há seca há inundações. Uma merda. – Lamentou-se o P.M.
- Pois é pá – disse um secretário de estado – não há guita para nada mas para ir para Aveiro de Falcon…
- Vê lá se queres ir para a fila do desemprego. Dá-se a esta malta um lugar no governo e já acham que são gente. Olha que demitir-te é tiro e queda e sempre quero ver se dessa idade e com as habilitações que tens alguém te dá emprego. Ias partir brita com as beiças do cu! – Disse o P.M. com cara de poucos amigos.
Um ministro mais conciliador juntou-se à conversa:
- Isto meus amigos está mau para o nosso lado. Não há bagalhoça, Bruxelas não se cala com a porcaria do défice e temos o país todo contra nós. Ou fazemos alguma coisa rapidamente ou vamos para a oposição.
- E sem chances de arranjar um taxito numa autarquia que estão todas no PSD – disse outro ministro – por vocês não sei mas eu tenho as minhas contitas para pagar e isto não me parece que tenha futuro nenhum. Alias já tive uns contactos engraçados no PSD e…..
- Corja de ingratos e filhos da puta – vociferou o primeiro – quando tive a maioria absoluta, que fui eu que a arranjei, andavam todos a lamber-me as botas por um lugarzito, agora que as coisas correm mal é tudo a dar de frosques e a ver se se piram.
- Ó primeiro –disse um ministro – também não é preciso abespinhares-te isto é JB a falar, eles até são teus amigos. Temos é que arranjar uma solução senão acabamos todos a vender pevides à porta do cemitério.
- Pois - perguntou o primeiro – e alguém tem uma solução ?
- Podíamos vender a Madeira – alvitrou um ministro – mas com o Alberto João lá ninguém compra.
- As reservas de ouro…..arriscou um secretário de estado.
- Pois vendíamos as reservas e tínhamos um tumulto nas ruas. Até o Sampaio nos dissolvia, e desta vez com ácido mesmo. – Reflectiu o PM
Há um silêncio na sala. O empregado serve mais uma rodada de whisky e traz mais gelo.
- Que porra – pergunta aflito o PM – ninguém tem nenhuma ideia? Cambada de incompetentes.
O empregado aproxima-se timidamente do P.M. e diz-lhe:
- Os snrs drs desculpem o meu atrevimento mas eu gostava de dar uma ideia, posso ?
-Venha ela – diz o PM.
Os ministros e secretários não escondem um certo ar de gozo.
- ora aí vai meus senhores: antigamente as notas de escudos eram feitas no banco de Portugal, não é verdade? Portanto ainda deve trabalhar lá muita gente que as sabe fazer. Deve haver o papel, as tintas e essas coisas todas, não é verdade?
- Ora quem faz escudos….faz euros. Vocês faziam notitas pequenas pagavam as contas, faziam umas aplicações e resolviam os problemas todos.
- Ora batatas – disse o ministro das finanças – o Banco Central Europeu em poucos meses e dar conta do excesso de morda em circulação e apanhava-nos num instante.
- O snr dr. Desculpe – continuou o empregado – mas aí é que bate o ponto. Vocês faziam as notitas, faziam umas obras públicas, davam uns subsídios e, é claro, ficavam com algumas para vocês num saco azul. Quando o alemão ou lá o que é do banco da Europa descobrisse vocês iam lá e confessavam. Levavam as matrizes e as máquinas de fazer as notas, destruíam-nas e juravam que nunca mais repetiam a graça. O gajo ficava entalado porque se isto viesse a publico era o descrédito do Euro. E a bagalhoça ficava cá.
Os ministros e o PM entreolham-se e dizem em coro: disparate e desonestidade!
Entra o presidente do Banco de Portugal, cumprimenta os ministros, pede um whisky e senta-se junto do P.M.
O P.M. a meia voz pergunta-lhe:
- Olha lá, isto só por curiosidade, aquele gajo o Silva gravador, o que fazia as notas de dez mil ainda trabalha lá no banco ?
O Sousa da ponte
Viagra
Mictórias relíquias que gotejais saudade
do tempo em que o sangue fogoso vos erguia
negando rijamente as leis da gravidade
em menos de um segundo, vinte vezes ao dia.
Tristes membros vergados ao peso da idade,
espectros que carpis a viril alegria,
eis que na atra noite se ergue a claridade
de nova estrela azul que a Pfizer anuncia.
Tomai-a e erguei-vos, ó marzápios flácidos,
picai até que passe o milagroso efeito
dessa falaz tesão feita de ácidos
que mais não é que cãibra que dá jeito...
uma invenção que só não ofusca a roda
porque não pendem patentes sobre a foda.
Fernando Correia Pina
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
sexta-feira, 7 de outubro de 2005
HACIENDO EL AMOR CON DIOS
En Ávila, ciudad de alta alcurnia española,
vivió hace cuatrocientos años
una mujer que conoció a Dios.
Si acaso algún día, tú, caminante,
te hallaras en la vieja Roma
y quisieras verla enamorada de Él,
pasa por la iglesia de Santa Maria de la Victoria
pregunta por Teresa de Jesús
y la encontrarás, gracias a Bernini,
haciendo el amor con Dios.
Pablo Mora
O Sousa da ponte
O Sousita imaginou que um dia o primeiro-ministro, o ministro das finanças e o da economia, reunidos em volta duns bons copos de vinho se lamuriavam dos impropérios e faltas de consideração de que eram alvo. Um porque a mulher já não lhe falava por ele ter tirado o sistema de saúde do pai, outro porque o empregado do restaurante desde que o IVA subira o tratava mal e porcamente e – infâmia nunca provada – era suspeito de na cozinha, e muito às escondidas, cuspir no bife que lhe ia servir. Rosnava-se até que algumas vezes o passara pelo rabo depois de se aliviar. Outro porque os miúdos na escola eram maltratados pelos colegas, professores e auxiliares de educação.
Estavam azedos e recriminavam-se entre si. Acusavam o P.M. de os ter desinquietado e metido naquelas maçadas. O P.M. defendia-se como podia: “vocês vieram porque quiseram. Eu não os obriguei,” Defendia-se debilmente.
O P.M. tinha visto no Sousa da Ponte, que como toda a gente sabe é lido por quem é quem neste país, o valor do P.I.B per capita e tinha fixado que era da ordem dos USD 15000. Pegou na máquina de calcular, fez umas contitas rápidas e ficou calado.
Quase no fim da segunda garrafa luziram os olhos do P.M. e disse: “tive uma ideia!”
Admirados pelo inaudito da situação preparam-se para ouvir.
Ora meus amigos – começou o nosso primeiro – a gente podia pegar no PIB e dividi-lo por todos os portugueses. Independentemente da idade, profissão, de trabalhar ou não nós no dia 1 de cada mês distribuía-mos um valor de 1,220 Euros a cada um.
Não contentes com isso acabavamos com todos os impostos. Cada um que se amanhasse a gerir a guita.
O ministro das finanças, já com os olhos muito brilhantes, objectou:
- Pois, isso é muito lindo mas depois não havia serviços básicos, nem estradas, nem sistema de ensino, nem polícia, nem exército, nem…
- Nem nós, vociferou o ministro da economia.
O P.M. sorriu e disse:
- Calma meus amigos que isto que tenho aqui em cima não é só para produzir cabelos e caspa. Ora atentem:
- Desta quantia íamos retirar o dinheiro para pagar o serviço de saúde, a policia, as fraldas para os incontinentes, as universidades, a gestão corrente do estado e essas coisas todas. Temos que nos lembrar que o estado ficava sem outra fonte de receita e assim as pessoas veriam retirado à cabeça os valores a pagar.
Tenho aqui tudo discriminado. Só me falta somar:
Saúde
300
Educação
100
Gestão
25
Segurança
25
Infra-estruturas
100
Justiça
10
Cultura
25
Reserva do estado
100
Autarquias
100
Assimetrias
25
Diversos
50
Divida publica
50
subsídios diversos
50
- Temos portanto, continuou o primeiro, que estes valores iam cobrir as despesas que o estado ia ter para manter o país em funcionamento, fiscalizar, distribuir o dinheiro, dar assistência médica e medicamentosa, subsidiar a ciência e a cultura, armar o exército e isso tudo.
- Eu só gostava de saber – disse o ministro da economia enquanto pedia a terceira garrafa – é onde vais arranjar com 300 euros por mês verba para pagar lares de terceira idade, algálias, ambulâncias, máquinas para os hospitais e a construção de novos hospitais e centros de saúde.
- E olha que vinte e cinco euros por cabeça para segurança interna e externa não dá. Sabes quanto custa um submarino? Ajuntou o das Finanças.
Ia o primeiro argumentar quando o empregado, que abria a quarta garrafa, disse:
- Os senhores desculpem mas eu estava aqui a fazer contas de cabeça e isto dá um valor de 260 euros por cabeça. Com isto eu e a minha Sãozinha não nos safávamos. Só de empréstimo da casa pago 350.
Os três olharam uns para os outros enquanto o empregado saía.
O P.M. cortou o silêncio e disse: - Parece que temos um problema.
Novo silêncio. Toca o telemóvel dum dos ministros e ele atende:
- Sim, estive em reunião com o primeiro….conclusão? …Bem…é que isto não dá para todos.
Estavam azedos e recriminavam-se entre si. Acusavam o P.M. de os ter desinquietado e metido naquelas maçadas. O P.M. defendia-se como podia: “vocês vieram porque quiseram. Eu não os obriguei,” Defendia-se debilmente.
O P.M. tinha visto no Sousa da Ponte, que como toda a gente sabe é lido por quem é quem neste país, o valor do P.I.B per capita e tinha fixado que era da ordem dos USD 15000. Pegou na máquina de calcular, fez umas contitas rápidas e ficou calado.
Quase no fim da segunda garrafa luziram os olhos do P.M. e disse: “tive uma ideia!”
Admirados pelo inaudito da situação preparam-se para ouvir.
Ora meus amigos – começou o nosso primeiro – a gente podia pegar no PIB e dividi-lo por todos os portugueses. Independentemente da idade, profissão, de trabalhar ou não nós no dia 1 de cada mês distribuía-mos um valor de 1,220 Euros a cada um.
Não contentes com isso acabavamos com todos os impostos. Cada um que se amanhasse a gerir a guita.
O ministro das finanças, já com os olhos muito brilhantes, objectou:
- Pois, isso é muito lindo mas depois não havia serviços básicos, nem estradas, nem sistema de ensino, nem polícia, nem exército, nem…
- Nem nós, vociferou o ministro da economia.
O P.M. sorriu e disse:
- Calma meus amigos que isto que tenho aqui em cima não é só para produzir cabelos e caspa. Ora atentem:
- Desta quantia íamos retirar o dinheiro para pagar o serviço de saúde, a policia, as fraldas para os incontinentes, as universidades, a gestão corrente do estado e essas coisas todas. Temos que nos lembrar que o estado ficava sem outra fonte de receita e assim as pessoas veriam retirado à cabeça os valores a pagar.
Tenho aqui tudo discriminado. Só me falta somar:
Saúde
300
Educação
100
Gestão
25
Segurança
25
Infra-estruturas
100
Justiça
10
Cultura
25
Reserva do estado
100
Autarquias
100
Assimetrias
25
Diversos
50
Divida publica
50
subsídios diversos
50
- Temos portanto, continuou o primeiro, que estes valores iam cobrir as despesas que o estado ia ter para manter o país em funcionamento, fiscalizar, distribuir o dinheiro, dar assistência médica e medicamentosa, subsidiar a ciência e a cultura, armar o exército e isso tudo.
- Eu só gostava de saber – disse o ministro da economia enquanto pedia a terceira garrafa – é onde vais arranjar com 300 euros por mês verba para pagar lares de terceira idade, algálias, ambulâncias, máquinas para os hospitais e a construção de novos hospitais e centros de saúde.
- E olha que vinte e cinco euros por cabeça para segurança interna e externa não dá. Sabes quanto custa um submarino? Ajuntou o das Finanças.
Ia o primeiro argumentar quando o empregado, que abria a quarta garrafa, disse:
- Os senhores desculpem mas eu estava aqui a fazer contas de cabeça e isto dá um valor de 260 euros por cabeça. Com isto eu e a minha Sãozinha não nos safávamos. Só de empréstimo da casa pago 350.
Os três olharam uns para os outros enquanto o empregado saía.
O P.M. cortou o silêncio e disse: - Parece que temos um problema.
Novo silêncio. Toca o telemóvel dum dos ministros e ele atende:
- Sim, estive em reunião com o primeiro….conclusão? …Bem…é que isto não dá para todos.
O nosso governo está a fazer cortes. Aumenta a idade da reforma, tira subsídios, congela carreiras, notifica empresas e particulares. Tem como objectivo diminuir o desgraçado do défice, que pelos vistos é o único indicador nacional que vai subindo.
É curioso que esta história dos cortes começou com o Durão Barroso. Acordamos um dia de manhã e descobrimos que havia um défice gordo e luzidio e que o mesmo tinha tendência a crescer. Descobrimos também que o Estado gastava de mais. Contamos os funcionários públicos e assustamo-nos.
Entretanto o Durão Barroso arranjou um emprego melhor e a questão do défice foi colocada em segundo plano pela nova gerência do Santana. Chega o Sócrates e reconta os funcionários, reavalia o défice e olha para a coisa pública e desata a cortar.
É certo que muito do que o governo está a cortar é do mais elementar bom senso. Com a esperança média de vida que temos contribuir trinta anos, ser reformado aos 50 e receber, em média, mais trinta anos de reforma é impraticável. Não há bagalhoça que chegue. É duro mas é assim.
O mesmo se pode dizer doutras prestações sociais que são absolutamente insustentáveis.
É muito curioso lembrar que nos idos anos setenta havia duas ideologias antagónicas mas que no fundo propunha o mesmo fim: a sociedade da abundância. Dum lado da barricada os comunistas que propunham chegar lá através da revolução e da ditadura do proletariado e os sociais-democratas que se propunham chegar lá por reformas sucessivas.
Como acabou o comunismo todos nós sabemos. Agora a questão que se coloca é saber o que nos vai acontecer.
Portugal está no clube restrito dos países mais ricos do mundo. Muitas vezes não temos consciência disso mas é assim.
O produto interno bruto por habitante é, duma forma simples, um valor que resulta da soma (em valores financeiros) de toda a produção económica de uma determinada região durante um período determinado, dividida pelos habitantes.
No nosso caso o valor conseguido, por ano, é de USD 14.645. Claro que o número assim a seco não nos diz nada. Podemos é compará-lo com o de outros países. Por exemplo o riquíssimo Kuwait tem apenas 13,641, a Suiça tem 43.486 e Marrocos 1,463.
Estamos uns pontitos à frente do Kuwait – mesmo sem petróleo. Se dividirmos o PIB per capita da Suiça pelo nosso chegamos a 2,9. Se fizermos o mesmo com o de Marrocos chegamos a um número de 10,1.
Assim a olhómetro podemos dizer que dividida a riqueza produzida pelos cidadãos da Suiça é três vezes maior que a portuguesa e que esta é dez vezes maior que a Marroquina. Os Kuwaitianos sem o petróleo iam comer areia ou merda de camelo.
Portanto nós estamos muito mais próximos dos ricos que dos pobres ou mesmo muito pobres. Os Cubanos contentam-se com 2.762 (quase o dobro de Marrocos) e a Alemanha com o dobro de nós (29.137).
Ora o ponto divertido disto é que nós sentimos que somos pobres, que temos desemprego e que ganhamos pouco. E se calhar é verdade.
Uma família média portuguesa tem dificuldade em chegar ao fim do mês. É um suicídio económico uma família decidir ter três ou quatro filhos.
Mas afinal que raio de modelo é este que mesmo inscrito no clube dos ricos não consegue sequer permitir que uma família padrão tenha quatro filhos?
Há qualquer coisa que me escapa.
É curioso que esta história dos cortes começou com o Durão Barroso. Acordamos um dia de manhã e descobrimos que havia um défice gordo e luzidio e que o mesmo tinha tendência a crescer. Descobrimos também que o Estado gastava de mais. Contamos os funcionários públicos e assustamo-nos.
Entretanto o Durão Barroso arranjou um emprego melhor e a questão do défice foi colocada em segundo plano pela nova gerência do Santana. Chega o Sócrates e reconta os funcionários, reavalia o défice e olha para a coisa pública e desata a cortar.
É certo que muito do que o governo está a cortar é do mais elementar bom senso. Com a esperança média de vida que temos contribuir trinta anos, ser reformado aos 50 e receber, em média, mais trinta anos de reforma é impraticável. Não há bagalhoça que chegue. É duro mas é assim.
O mesmo se pode dizer doutras prestações sociais que são absolutamente insustentáveis.
É muito curioso lembrar que nos idos anos setenta havia duas ideologias antagónicas mas que no fundo propunha o mesmo fim: a sociedade da abundância. Dum lado da barricada os comunistas que propunham chegar lá através da revolução e da ditadura do proletariado e os sociais-democratas que se propunham chegar lá por reformas sucessivas.
Como acabou o comunismo todos nós sabemos. Agora a questão que se coloca é saber o que nos vai acontecer.
Portugal está no clube restrito dos países mais ricos do mundo. Muitas vezes não temos consciência disso mas é assim.
O produto interno bruto por habitante é, duma forma simples, um valor que resulta da soma (em valores financeiros) de toda a produção económica de uma determinada região durante um período determinado, dividida pelos habitantes.
No nosso caso o valor conseguido, por ano, é de USD 14.645. Claro que o número assim a seco não nos diz nada. Podemos é compará-lo com o de outros países. Por exemplo o riquíssimo Kuwait tem apenas 13,641, a Suiça tem 43.486 e Marrocos 1,463.
Estamos uns pontitos à frente do Kuwait – mesmo sem petróleo. Se dividirmos o PIB per capita da Suiça pelo nosso chegamos a 2,9. Se fizermos o mesmo com o de Marrocos chegamos a um número de 10,1.
Assim a olhómetro podemos dizer que dividida a riqueza produzida pelos cidadãos da Suiça é três vezes maior que a portuguesa e que esta é dez vezes maior que a Marroquina. Os Kuwaitianos sem o petróleo iam comer areia ou merda de camelo.
Portanto nós estamos muito mais próximos dos ricos que dos pobres ou mesmo muito pobres. Os Cubanos contentam-se com 2.762 (quase o dobro de Marrocos) e a Alemanha com o dobro de nós (29.137).
Ora o ponto divertido disto é que nós sentimos que somos pobres, que temos desemprego e que ganhamos pouco. E se calhar é verdade.
Uma família média portuguesa tem dificuldade em chegar ao fim do mês. É um suicídio económico uma família decidir ter três ou quatro filhos.
Mas afinal que raio de modelo é este que mesmo inscrito no clube dos ricos não consegue sequer permitir que uma família padrão tenha quatro filhos?
Há qualquer coisa que me escapa.
quinta-feira, 6 de outubro de 2005
ónus da prova
Acerca da inversão do ónus da prova e do discurso do Sr. Presidente da Republica.
È claro que todos sabemos que há enriquecimentos súbitos, miraculosos e aparentemente sem razão. Isto acontece em todos os sectores da sociedade. Claro que os políticos, como figuras públicas, dão muito mais nas vistas pelo que quando nos lembramos destes casos as primeiras pessoas de que nos lembramos são os políticos. Políticos, que é bom não esquecer, directa ou indirectamente são eleitos por nós.
É relativamente fácil, na tradição de Eça, desancar os políticos, chamar-lhes choldra e ao país um local mal frequentado. Tem piada e até é verdade às vezes.
A ideia em si não é má. Um indivíduo aparece com sinais exteriores de riqueza, não os justifica e pimba pune-se. Pede-se informação aos bancos, fazem-se cruzamentos com as bases de dados das conservatórias, vigiam-se cartões de crédito e o pobre desgraçado é apanhado. Facílimo.
Pois é mas isto é muito bonito mas só se vai aplicar à classe média. Na prática a coisa funciona de modo muito diverso.
Vamos lá a ver. Um teso tem o dinheirito em bancos nacionais, o carro com matrícula portuguesa e a casita em seu nome. O cartão de crédito passa pela unicre. Está tudo registado. Não pode justificar os rendimentos e no mesmo dia lhe penhoram casa e carrro e contas bancárias e até os sapatos.
Agora os ricos agem de maneira diferente. Tem as casas em off-shore, os carros registados fora do país e contas e cartões de bancos estrangeiros. Basta investir o dinheirito fora do país e adeus minhas encomendas Os poucos trocados que cá tem, por exemplo uns míseros dois ou três milhões de Euros, também não são penhoráveis. Sabem porquê? Experimentem fazer um arrolamento a contas bancárias. Vão ter uma surpresa. Se o cliente é um teso o Tribunal notifica o banco e o pobre de Cristo tem a conta arrolada no mesmo dia. Nem ai nem ui. O sistema funciona.
Experimentem agora fazer o mesmo a um cliente que tenha massa mesmo. O banco nem responde ao tribunal e quando, notificado pela milésima vez e já multado na avultada quantia de 175 euros, informar o tribunal vai dizer que esse cliente não existe. Não tem conta. Se por acaso conseguirem uma cópia dum cheque dessa conta o banco, também à milésima notificação do tribunal e paga outra coima de 175 Euros, vai dizer que houve um lapso informático e que de facto a conta existiu mas só teve o movimento exacto do cheque cuja cópia se anexa. Junte-se outro cheque, o número do cartão de crédito e o banco responde que foi lapso do computador, que só havia esses cheques e que a conta já não tem dinheiro.
Assim para nós tesos isto vai funcionar. Qualquer divida que tenhamos ao fisco vai por em risco a nossa contita e estamos tramados. Os ricos vão continuar a rir-se e nós a pagarmos. Aliás como sempre foi e sempre assim será.
Assim o Sousita aconselha aos pobres tesos como eu que tem uma pequena poupança a safarem-na daqui o mais depressa possível. Colocar a notita em Espanha nem fica assim tão longe. Se estão a pensar em investir num apartamentos para alugar esqueçam. Invistam em fundos de acções e obrigações. São sedeadas fora do país e não pagam impostos…nem falam.
Vale a pena ir ao Abrupto sobre o assunto
È claro que todos sabemos que há enriquecimentos súbitos, miraculosos e aparentemente sem razão. Isto acontece em todos os sectores da sociedade. Claro que os políticos, como figuras públicas, dão muito mais nas vistas pelo que quando nos lembramos destes casos as primeiras pessoas de que nos lembramos são os políticos. Políticos, que é bom não esquecer, directa ou indirectamente são eleitos por nós.
É relativamente fácil, na tradição de Eça, desancar os políticos, chamar-lhes choldra e ao país um local mal frequentado. Tem piada e até é verdade às vezes.
A ideia em si não é má. Um indivíduo aparece com sinais exteriores de riqueza, não os justifica e pimba pune-se. Pede-se informação aos bancos, fazem-se cruzamentos com as bases de dados das conservatórias, vigiam-se cartões de crédito e o pobre desgraçado é apanhado. Facílimo.
Pois é mas isto é muito bonito mas só se vai aplicar à classe média. Na prática a coisa funciona de modo muito diverso.
Vamos lá a ver. Um teso tem o dinheirito em bancos nacionais, o carro com matrícula portuguesa e a casita em seu nome. O cartão de crédito passa pela unicre. Está tudo registado. Não pode justificar os rendimentos e no mesmo dia lhe penhoram casa e carrro e contas bancárias e até os sapatos.
Agora os ricos agem de maneira diferente. Tem as casas em off-shore, os carros registados fora do país e contas e cartões de bancos estrangeiros. Basta investir o dinheirito fora do país e adeus minhas encomendas Os poucos trocados que cá tem, por exemplo uns míseros dois ou três milhões de Euros, também não são penhoráveis. Sabem porquê? Experimentem fazer um arrolamento a contas bancárias. Vão ter uma surpresa. Se o cliente é um teso o Tribunal notifica o banco e o pobre de Cristo tem a conta arrolada no mesmo dia. Nem ai nem ui. O sistema funciona.
Experimentem agora fazer o mesmo a um cliente que tenha massa mesmo. O banco nem responde ao tribunal e quando, notificado pela milésima vez e já multado na avultada quantia de 175 euros, informar o tribunal vai dizer que esse cliente não existe. Não tem conta. Se por acaso conseguirem uma cópia dum cheque dessa conta o banco, também à milésima notificação do tribunal e paga outra coima de 175 Euros, vai dizer que houve um lapso informático e que de facto a conta existiu mas só teve o movimento exacto do cheque cuja cópia se anexa. Junte-se outro cheque, o número do cartão de crédito e o banco responde que foi lapso do computador, que só havia esses cheques e que a conta já não tem dinheiro.
Assim para nós tesos isto vai funcionar. Qualquer divida que tenhamos ao fisco vai por em risco a nossa contita e estamos tramados. Os ricos vão continuar a rir-se e nós a pagarmos. Aliás como sempre foi e sempre assim será.
Assim o Sousita aconselha aos pobres tesos como eu que tem uma pequena poupança a safarem-na daqui o mais depressa possível. Colocar a notita em Espanha nem fica assim tão longe. Se estão a pensar em investir num apartamentos para alugar esqueçam. Invistam em fundos de acções e obrigações. São sedeadas fora do país e não pagam impostos…nem falam.
Vale a pena ir ao Abrupto sobre o assunto
quarta-feira, 5 de outubro de 2005
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